terça-feira, 14 de abril de 2009

Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada

Como já sabem, não sou especialmente fã de poesia, a não ser que seja realmente de muito boa qualidade. Normalmente, só adquiro livros de poesia quando me são recomendados... e por pessoas em quem confio plenamente nos gostos literários.

Foi o que aconteceu com é um livro de poesia de Pablo Neruda, Vinte poemas de Amor e Uma Canção Desesperada; "onde se cruza o erotismo da poesia que celebra o corpo da mulher, com o gosto que Neruda tem pela natureza. Nestes poemas, é frequente que os dois planos se cruzem, havendo uma certa identificação entre o corpo feminino e o mundo natural (as paisagens, a terra...). Pablo Neruda escreveu estes poemas apenas com cerca de vinte anos, mas são alguns dos mais celebrados da sua obra." in wikipedia
Fiquei realmente surpreendida pela positiva, o livro que adquiri é bilingue, tendo o poema original em espanhol e o poema traduzido em português. A escrita deste poeta é surpreendente e fiquei muito satisfeita por me terem aberto mais este horizonte.
Corpo de Mulher
(Poema nº 1)
Corpo de mulher,brancas colinas,
coxas brancas,
assemelhas-te ao mundo no teu jeito de entrega.
O meu corpo de lavrador selvagem escava em ti
e faz saltar o filho do mais fundo da terra.
Fui só como um túnel.
De mim fugiam os pássaros,
e em mim a noite forçava a sua invasão poderosa.
Para sobreviver forjei-te como uma arma,
como uma flecha no meu arco, como uma pedra na minha funda.
Mas desce a hora da vingança, e eu amo-te.
Corpo de pele, de musgo, de leite ávido e firme.
Ah, os copos do peito! Ah os olhos de ausência!
Ah as rosas do púbis! Ah a tua voz lenta e triste!
Corpo de mulher minha, persistirei na tua graça.
Minha sede, minha ânsia sem limite, meu caminho indeciso!
Escuros regos onde a sede eterna continua,
e a fadiga continua, e a dor infinita.
Recomendo também, tal como o fizeram comigo, "Uma Canção Desesperada".
LINDO :o)
É uma óptima obra para se ir lendo devagar, aprendendo assim a decifrar cada um dos poemas de Pablo Neruda.
Nota: 9/10

6 comentários:

isilda disse...

Este livro vai surpreender-me. Gostei do que aqui li. Está a desafiar-me...

Pablo Neruda sempre me surpreende. É por isso que não me canso de ver o filme baseado na sua obra "O Carteiro". É a simplicidade deste personagem e a imagem que ele utiliza para exolicar o que é uma metáfora que me seduz e não me cansa de o apreciar.

Isilda

Paula disse...

Olá Cristina!

Vou comprar este livro sim. Gosto de poesia e este parece-me muito bom. Obrigado pela dica e pela partilha.
Beijos

Ps: Estes poemas vão ficar magníficos no meu outro blogue acompanhados de diversas telas...

CICL disse...

Quero pedir desculpa ao Argos e EMD , sem querer na moderação de comentário rejeitei os vossos... O cansaço... por vezes atrapalha, gostaria que colocassem de novo; estavam tão BONS.

Obrigado e mais uma vez desculpem!

Argos disse...

Não há problema Cristina, acontece a todos.
Guarde bem os poemas de Neruda!

Abraço

EMD disse...

Pois acontece.
Não recordo exactamente as palavras, mas o teor seria algo como: livro de cabeceira durante anos, ultimamente, pouco revisitado. O "poste" é um convite à releitura, obrigada.
Elsa Duarte

Lídia Valadares disse...

O poema é lindíssimo. Li, reli e fiquei deliciada com o poema.Já estou curiosa por ler o livro. Não vai escapar. Obrigada pela partilha.

Lídia Valadares