sábado, 31 de janeiro de 2009

A Herança do Vazio

"No nordeste dos Himalaias, numa casa isolada no sopé do monte Kanchenjunga, vive Jemubhai, um velho juiz amargurado, que de tudo o que quer é reformar-se em paz e dedicar o seu afecto à única criatura que ama, a sua cadela Mutt. A chegada da sua neta órfã, Sai, abalará o seu sossego, obrigando-o a remexer as suas memórias e a repensar a sensação de estranheza na própria pátria. Tudo isto se acentuará como romance entre Sai e Gyan, um nepalês que se envolve numa revolta que alterará inquestionavelmente a vida de Jemubhai. A serenidade da vida do juiz contrasta com a vida do filho do seu cozinheiro, Biju, que saltita de sucessivamente de restaurante em restaurante, em Nova Iorque, à procura de emprego, numa fuga constante aos Serviços de Imigração. Julgando que o filho leva uma vida boa e que acabará por vir buscá-lo para junto dele, o cozinheiro vai arrastando os seus dias."
In contra-capa.
Este livro prendeu-me a atenção por causa da imagem da capa. Conhecia-a de algum lugar, de algum momento. Só mais tarde já em casa, percebendo nele uma estranha familiaridade percebi que a conhecia de um qualquer sonho. Estranho. Estranho livro. Estranha história. Estranhas personagens. Estranha herança, esta. Agora ao ver o livro já só e calado na estante, preso no peso dos outros, sinto percorrer em mim toda essa estranheza. E percebo tão bem essa herança brutal. Da inexistência. De algo. De alguém. De sentido. De sentimentos. Não é a minha história. Mas identifico-me imenso com ela. Com essa herança com que a vida por vezes nos presenteia, ainda que ferozmente a queiramos recusar. Parece-me que a autora consegue sentir e transmitir muitíssimo bem essa realidade. Está longe de ser um dos meus livros preferidos, mas contém muito daquilo que é a minha vida recente. Talvez por isso ele me seja tão significativo. Porque este vazio se refere à ausência. De pessoas queridas. De momentos especiais que ficaram lá atrás. De lugares distantes. De nós próprios na infância ou na juventude. Mas este vazio, esta ausência é fundamental. É o encontro com o nosso existir e o ponto de partida para procurar de outro modo, preencher esse vazio.

Nota: 8/10

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Semear para Colher!


"Como todos sabem, a educação é, sobretudo, uma sementeira." (Agustina Bessa-Luís)


Folheando o jornal Douro Hoje, de 29/01/2009, fui directa à página onde se pode ler algo que todas as semanas é transmitido com todo o saber académico, ponderação e, acima de tudo, sabedoria e conhecimento no terreno de tudo o que se relaciona com escola, alunos, educação - o artigo do Senhor Professor José Esteves Rei, da UTAD (p. 19).

Desta vez, dá-nos a conhecer algo de pertinente sobre educação. A propósito da intervenção da escritora transmontana Agustina Bessa-Luís, dedicada à educação e à função do texto e da escrita no sucesso educativo, coloca a tónica nos textos; claro que todo o tipo de textos, mas para Agustina, o texto literário é, sem dúvida, a pedra basilar para o conhecimento de um povo e da sua identidade.

Concordo plenamente com ela. Todos os outros textos são essenciais e todos nós devemos preocupar-nos com a literacia funcional que os alunos devem possuir (também se pode designar de multiliteracia) para sobreviverem no mudo competitivo em que vivemos. Contudo, nunca poderemos esquecer a literatura, que tem andado arredada da escola. Por isso, e para quem já leu a proposta dos novos programas de Português para o Ensino Básico, deu conta que o texto literário vai regressar em força, desde os primeiros anos, com as devidas adaptações, segundo as faixas etárias. Nem queria acreditar! O Professor Carlos Reis tem ali o seu dedo de homem de literatura e teço-lhe rasgado elogio e coragem na elaboração deste documento agora em estudo. Felizmente alguém nos ouviu!

Ao ler este artigo de Esteves Rei, que aborda a temática da importância dos textos no ensino, apoiando-se em Agustina, fiz uma ponte com o que agora se deseja para o Português e textos a inserir nas aulas. E mais uma vez não posso deixar de afirmar que não se pode ler (ou fazer) nas aulas apenas aquilo que os alunos gostam. Assim, não há progresso, não há cultura. Diz Esteves Rei, citando Agustina, que para que a educação seja uma sementeira tem de "se incutir o gosto que muitas vezes não vai a par do gosto pessoal de cada um". Mas há que adequar o gosto e os desejos de cada um ao "estilo de uma educação" e ao "estilo de uma cultura". Diversificar é preciso; usar e abusar de uma diversidade de textos, mas para se poder diversificar a oferta de valores e atitudes, não podemos, jamais, descurar a nossa boa LITERATURA.

Eu disse boa literatura! Há que saber seleccionar, adequando-a à escolha e ao background de cada aluno/educando. Daí que o Professor Catedrático, José Esteves Rei, conclui o seu artigo dizendo:"...urge alargar formas, modelos, textos e métodos de educação" para que a unidade se faça a partir da diversidade e se construa a nossa verdadeira identidade. Jorge Luís Borges dizia, e não posso deixar de o citar, a propósito dos valores, que tão esquecidos andam, que "o maior luxo de uma sociedade são as relações humanas". Professores, pais e alunos, vamos à descoberta da verdadeira literatura, do verdadeiro texto! Vamos à procura da boa literatura, da boa escrita! Pouco mais necessitaremos...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Cartas Inéditas de Fradique Mendes - Eça de Queiroz

As Cartas Inéditas de Fradique Mendes e mais Páginas Esquecidas não é habitualmente uma obra de tão grande referência quanto outras, do nosso clássico Eça de Queiroz.

Todavia, não deixa de ser uma obra com todos os requintes habituais que reconhecemos neste autor da Literatura Portuguesa. Várias cartas inéditas... e mais algumas páginas que Eça de Queiroz terá supostamente esquecido...?
Nestes dias tão cinzentos devido à chuva, várias vezes me lembrei de um conto que se intitula: “Um Dia de Chuva”.

A narrativa deste pequeno texto inicia-se depois do protagonista, José Ernesto, se ter instalado no “casarão do século XVI, deshabitado”, na Quinta de Loures, após ter saído da cidade de Lisboa. A personagem chega a um "casarão" desmobilado e praticamente “inabitável”, todavia com o passar do tempo, José Ernesto começa a afeiçoar-se ao local, mesmo sem as comodidades da cidade, valorizando a antiguidade do casarão.

Após uma viagem até à respectiva quinta, o apetite desta personagem aumenta pela pureza do ambiente rural, e só é saciado por uma alimentação mais tradicional e saudável, que serve como primeiro elemento de adaptação às serras como podemos notar na citação seguinte:

“E aquella gostosa cozinha de província que encantaria os amigos de Lisboa quando elle os hospedasse, mais o impacientava contra a chuva teimosa que lhe permittia visitar a quinta, fazer logo uma idéa das suas vantagens e dos outros prazeres ruraes que alli o esperavam”.

A visão da cidade é uma visão negativa em que se critica tanto os tons cinzentos associados aos prédios e ruas das cidades de Lisboa parecidas com “pedreiras”, como a falta de espaço e de liberdade dos indivíduos conforme refere o padre Ribeiro: “a gente, (…) n’aquelles cubículos, morre suffocada”, e ainda a solidão inerente à cidade, “vazia e estéril”, associada à desumanização dos seres “entre a indiferença e a pressa da Cidade”.

Eça de Queiroz é, a meu ver, o Mestre na arte de descrever personagens e situações; a sua escrita é bastante actual tendo sido sem dúvida alguma, um visionário no século XIX, apercebeu-se das grandes problemáticas e modificações da sociedade que iriam influenciar os séculos vindouros...
Nota: 9/10

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Porquê «O Nome da Rosa»?

Adoro viajar no mundo da literatura, gosto de pesquisar, procuro o saber e partilho o pouco que sei...

Numa das minhas visitas ao blogue o paraíso é uma espécie de livraria, a Sónia faz um comentário interessante ao livro de Umberto Eco: O Nome da Rosa; livro que tem transportado vários leitores para a Idade Média com uma história fascinante e empolgante.
De repente, lembrei-me que nos meus tempos de faculdade, tinha encontrado uma pérola rara, escrita pelo mesmo autor: Porquê «O Nome da Rosa»?... e digo rara porque não é qualquer escritor que se expõe da forma que ele o faz neste pequeníssimo livro.

Mais do que descobrir o porquê do título deste romance histórico, Umberto Eco envolve, novamente, o leitor na sua teia literária.
Estará ele realmente a abrir as portas da mente do autor para uma resposta?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Congresso Internacional de Promoção da Leitura

O Congresso Internacional de Promoção da Leitura decorreu nos dias 22 e 23 de Janeiro de 2009. Neste evento associaram-se o Ministério da Cultura, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Projecto Gulbenkian Casa da Leitura e o Plano Nacional de Leitura no intuito de promover um encontro dinâmico e envolvente entre congressistas e participantes na reflexão sobre o papel da família, da escola e da sociedade na questão de Formar Leitores para Ler o Mundo.
Este encontro subdividiu-se em quatro painéis, tendo como objectivo o debate de problemáticas essenciais para formar leitores competentes para ler o mundo. Esteve em questão a Literatura para a Infância e Formação de Leitores; as Estratégias de Leitura e Compreensão Leitora; os Projectos de Promoção da Leitura e a Leitura em Debate.
Fonte: clique aqui!

domingo, 25 de janeiro de 2009

O VALOR ACTUAL DA NOSSA LÍNGUA

Eureka!... Até que enfim há uma notícia que nos alegre. Ufa!
Nestes dia sombrios, chuvosos, melancólicos e nada risonhos, tudo nos angustia e tudo o que há de mau na sociedade, ou na nossa vida, aparece de uma forma inesperada.
Ora, decidi iniciar a leitura do jornal Expresso, na esperança de ler algo que me alegrasse ou enriquecesse a minha culturazita. E não é que aconteceu? Tenho de partilhar convosco. Na página 23 do caderno principal (Expresso, 24/01/2009), o título e os bonequinhos coloridos obrigaram o meu "olho clínico" a ler, observar e até a reler. Nem queria acreditar. O título é: "Português, Quanto vale a língua?". Até a própria página está engraçada e bem concebida.
Nem tudo vai mal. Resulta esta notícia de um estudo europeu que conclui que "11% das pequenas e médias empresas na União Europeia perdem contratos em resultado directo da escassez de competências linguísticas...". E mais adiante continua: "O português já não é só uma língua de negócios. Está em expansão mundial...". Agora aprendi algo. Reparem: "Os especialistas chamam-lhe a língua megacentral (como o espanhol e o francês), logo a seguir ao inglês (hipercentral). Já somos 244 milhões e muitos querem aprendê-la, porque acham que vão necessitar dela no futuro: para trabalhar, viajar e comunicar (estudo divulgado pelo Instituto Camões). Até já adquiriu o direito a ser usada nos diálogos e instituições internacionais!
Adorei tudo isto! Como professora e cidadã do mundo da lusofonia, deu-me outro ânimo para o ensino (já que as competências que os nossos alunos apresentam deixam-nos de rastos e a família desatenta e inculta não se preocupa). Até vou falar neste estudo aos meus alunos. É que as 10 figuras mais famosas como falantes da língua lusa misturam actividades como o futebol (e não é a maior parte), a política, a música e a literatura (são 5, cerca de 50% da lista). Vou nomear por ordem crescente de importância, tal como são apresentados os resultados do estudo: Lula da Silva, Ronaldinho Gaúcho, Figo, Ronaldo, Cristiano Ronaldo, José Saramago, Fernando Pessoa, Camões, Cesária Évora e Mia Couto. Claro que o maior número de falantes está no nosso querido Brasil (191,6 milhões), a seguir vem Moçambique (21,4), Angola (17), Portugal (10,6) e depois Guiné-Bissau, Timor Leste, Cabo Verde e São Tomé. O estudo ainda conclui que entre 2000 e 2008, o português foi a segunda língua que mais cresceu, depois do árabe, nos utilizadores da Net.
Como professora e formadora, fiquei radiante com o facto de haver 5 escritores na lista e 3 deles contemporâneos. Os esforços dos professores têm sido reconhecidos, suponho eu, com estes resultados. Não é só a nossa influência enquanto transmissores do saber, mas também pelo facto de conseguirmos o gosto pela literatura. Com tudo isto, já me passou a melancolia. E como eu adoro Mia Couto, um dos laureados da lista e que, na minha opinião, será num futuro muito próximo um ícone da literatura de expressão africana, tenho de partilhar com esta comunidade de leitores (isto já vai sendo um vício) um poema que me veio às mãos da sua autoria. Espero que gostem, porqe ilustra o que está subjacente a este estudo, agora publicado. Além disso, eu sou moçambicana, amante das histórias de cunho oral de África e das palavras.
Tropecei no alfabeto logo ao nascer,
caí no verbo.
Invejei poetas, dizeres ímpares
Palavras seculares, versos românticos.
Invoquei-os.
Não ouvi respostas
Apenas o eco do silêncio.
Percebi então que faço melhor do que eles.
Aprendi a florir flores
A salgar o sal e a adoçar o doce com a entrega de palavras
Que ainda não nasceram,
As mesmas que me habitam a alma.
Aplaudi-me.
Percebi que melhor que ser poeta,
É ser palavra.
Mia Couto
O estudo pode ser complementado com a consulta ao Instituto Camões. Aí existem outras informações preciosas sobre a nossa língua, literatura e eventos da lusofonia. Espero que vos tenha dito algo de útil e que vos faça pensar.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Grimpow

"Grimpow converteu-se rapidamente num êxito editorial sem precedentes, ao ter alcançado a proeza de, antes mesmo da sua publicação, ver os direitos de tradução vendidos para dez países (incluindo Portugal). Foi a primeira vez, nos anais da história da literatura espanhola, que tal aconteceu com um primeiro romance de um autor desconhecido! Depois da sua publicação, em Outubro de 2005, o êxito consolidou-se. Em Espanha, ocupou os lugares cimeiros dos tops de vendas durante vários meses consecutivos e obteve resultados comerciais verdadeiramente espectaculares: cerca de 100 000 exemplares vendidos em 6 meses! Internacionalmente, originou uma verdadeira corrida por parte de todas as grandes editoras e está neste momento vendido para 17 países: França, Itália, Alemanha, Coreia, Reino Unido, Estados Unidos, Portugal, Grécia, Rússia, Croácia, Eslovénia, Holanda, Lituânia, Polónia, Brasil, Roménia e Sérvia. Que terá GRIMPOW para ter atraído desta forma tantos e tão díspares mercados? É uma pergunta a que só a leitura deste fascinante romance poderá dar resposta cabal. Mas uma coisa é certa; trata-se de uma obra com todos os ingredientes para cativar todos os públicos: a história passa-se na Idade Média, gira em torno de um mítico segredo cobiçado pela Igreja e pela monarquia, e há um eleito – Grimpow. Para ele, uma grande aventura tem início. Uma aventura que se antevê incerta e perigosa, mas que é, em todo o caso, absolutamente maravilhosa."
in contra-capa.
Existem na vida determinados acontecimentos que nos levam a escolher certos livros. Acredito que nada acontece por acaso!
A maneira como este livro me encantou, foi certamente um desses acontecimentos; uma capa enigmática, com um símbolo que é referido noutros romances históricos: a serpente que morde a própria cauda. Qual o seu significado? Dezenas de enigmas a resolver para chegar ao destino. Verdadeiros quebra-cabeças em torno do tema dos Templários...
A vantagem é que este livro é escrito para jovens e como tal de fácil e muito empolgante leitura. O segundo volume já existe noutros países, mas ainda não chegou a Portugal. Vamos aguardar para ver, no entanto acredito que seja tão bom quanto este!:)
Não posso deixar de escrever o que existe ainda como mote para o início do romance:

"Vivemos num mundo desconcertante. Queremos dar sentido ao que vemos à nossa volta e perguntamo-nos: qual a natureza do Universo? Qual o nosso lugar nele e de onde viemos, ele e nós?"
Stephen W. Hawking, História do Tempo.
Nota: 8/10

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Conto de Natal

Ontem no blogue http://fasciniodaspalavras.blogspot.com/, devido ao tempo de frio e à prometida neve (que afinal não caiu na cidade), decidi colocar um lindo poema de Jacques Prévert: L'Hiver.
Surgiu um comentário da colega e amiga Isilda que me fez pesquisar sobre um texto do Miguel Torga que eu desconhecia por completo.

A intertextualidade está lá... bem visto! Não resisti em compartilhar com a comunidade de leitores das Florestas este lindo conto. Obrigado Isilda! Aproveitem também para ler o poema de Jacques Prévert!

"De sacola e bordão, o velho Garrinchas fazia os possíveis para se aproximar da terra. A necessidade levara-o longe de mais. Pedir é um triste ofício, e pedir em Lourosa, pior. Ninguém dá nada. Tenha paciência, Deus o favoreça, hoje não pode ser - e beba um desgraçado água dos ribeiros e coma pedras! Por isso, que remédio senão alargar os horizontes, e estender a mão à caridade de gente desconhecida, que ao menos se envergonhasse de negar uma côdea a um homem a meio do padre-nosso. Sim, rezava quando batia a qualquer porta. Gostavam... Lá se tinha fé na oração, isso era outra conversa. As boas acções é que nos salvam. Não se entra no céu com ladainhas, tirassem daí o sentido. A coisa fia mais fino! Mas, enfim... Segue-se que só dando ao canelo por muito largo conseguia viver. E ali vinha de mais uma dessas romarias, bem escusadas se o mundo fosse de outra maneira. Muito embora trouxesse dez reis no bolso e o bornal cheio, o certo é que já lhe custava arrastar as pernas. Derreadinho! Podia, realmente, ter ficado em Loivos. Dormia, e no dia seguinte, de manhãzinha, punha-se a caminho. Mas quê! Metera-se-lhe na cabeça consoar à manjedoira nativa... E a verdade é que nem casa nem família o esperavam. Todo o calor possível seria o do forno do povo, permanentemente escancarado à pobreza. Em todo o caso sempre era passar a noite santa debaixo de telhas conhecidas, na modorra de um borralho de estevas e giestas familiares, a respirar o perfume a pão fresco da última cozedura... Essa regalia ao menos dava-a Lourosa aos desamparados. Encher-lhes a barriga, não. Agora albergar o corpo e matar o sono naquele santuário colectivo da fome, podiam. O problema estava em chegar lá. O raio da serra nunca mais acabava, e sentia-se cansado. Setenta e cinco anos, parecendo que não, é um grande carrego. Ainda por cima atrasara-se na jornada em Feitais. Dera uma volta ao lugarejo, as bichas pegaram, a coisa começou a render, e esqueceu-se das horas. Quando foi a dar conta passava das quatro. E, como anoitecia cedo não havia outro remédio senão ir agora a mata-cavalos, a correr contra o tempo e contra a idade, com o coração a refilar. Aflito, batia-lhe na taipa do peito, a pedir misericórdia. Tivesse paciência. O remédio era andar para diante. E o pior de tudo é que começava a nevar! Pela amostra, parecia coisa ligeira. Mas vamos ao caso que pegasse a valer? Bem, um pobre já está acostumado a quantas tropelias a sorte quer. Ele então, se fosse a queixar-se! Cada desconsideração do destino! Valia-lhe o bom feitio. Viesse o que viesse, recebia tudo com a mesma cara. Aborrecer-se para quê?! Não lucrava nada! Chamavam-lhe filósofo... Areias, queriam dizer. Importava-se lá. E caía, o algodão em rama! Caía, sim senhor! Bonito! Felizmente que a Senhora dos Prazeres ficava perto. Se a brincadeira continuasse, olha, dormia no cabido! O que é, sendo assim, adeus noite de Natal em Lourosa... Apressou mais o passo, fez ouvidos de mercador à fadiga, e foi rompendo a chuva de pétalas. Rico panorama! Com patorras de elefante e branco como um moleiro, ao cabo de meia hora de caminho chegou ao adro da ermida. À volta não se enxergava um palmo sequer de chão descoberto. Caiados, os penedos lembravam penitentes. Não havia que ver: nem pensar noutro pouso. E dar graças! Entrou no alpendre, encostou o pau à parede, arreou o alforge, sacudiu-se, e só então reparou que a porta da capela estava apenas encostada. Ou fora esquecimento, ou alguma alma pecadora forçara a fechadura. Vá lá! Do mal o menos. Em caso de necessidade, podia entrar e abrigar-se dentro. Assunto a resolver na ocasião devida... Para já, a fogueira que ia fazer tinha de ser cá fora. O diabo era arranjar lenha. Saiu, apanhou um braçado de urgueiras, voltou, e tentou acendê-las. Mas estavam verdes e húmidas, e o lume, depois de um clarão animador, apagou-se. Recomeçou três vezes, e três vezes o mesmo insucesso. Mau! Gastar os fósforos todos é que não. Num começo de angústia, porque o ar da montanha tolhia e começava a escurecer, lembrou-se de ir à sacristia ver se encontrava um bocado de papel. Descobriu, realmente, um jornal a forrar um gavetão, e já mais sossegado, e também agradecido ao céu por aquela ajuda, olhou o altar. Quase invisível na penumbra, com o divino filho ao colo, a Mãe de Deus parecia sorrir-lhe. Boas festas! - desejou-lhe então, a sorrir também. Contente daquela palavra que lhe saíra da boca sem saber como, voltou-se e deu com o andor da procissão arrumado a um canto. E teve outra ideia. Era um abuso, evidentemente, mas paciência. Lá morrer de frio, isso vírgula! Ia escavacar o ar canho. Olarila! Na altura da romaria que arranjassem um novo. Daí a pouco, envolvido pela negrura da noite, o coberto, não desfazendo, desafiava qualquer lareira afortunada. A madeira seca do palanquim ardia que regalava; só de cheirar o naco de presunto que recebera em Carvas crescia água na boca; que mais faltava? Enxuto e quente, o Garrinchas dispôs-se então a cear. Tirou a navalha do bolso, cortou um pedaço de broa e uma fatia de febra e sentou-se. Mas antes da primeira bocada a alma deu-lhe um rebate e, por descargo de consciência, ergueu-se e chegou-se à entrada da capela. O clarão do lume batia em cheio na talha dourada e enchia depois a casa toda. É servida? A Santa pareceu sorrir-lhe outra vez, e o menino também. E o Garrinchas, diante daquele acolhimento cada vez mais cordial, não esteve com meias medidas: entrou, dirigiu-se ao altar, pegou na imagem e trouxe-a para junto da fogueira. - Consoamos aqui os três - disse, com a pureza e a ironia de um patriarca. – A Senhora faz de quem é; o pequeno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de S. José."

Miguel Torga

A magia de um livro...


Um livro ao vento

Deixei um livro ao vento
Para poder ir a um evento
E ao regressar da convenção
Tive uma agradável recepção
Encontrei o meu livro a transfigurar-se
Vi cada letra do seu feito vangloriar-se
Vi as palavras numa tremenda agitação
Estavam no jardim a fazer uma celebração
A celebração de um feito
Conferindo à minha vida um novo efeito
Um efeito de alegria sem par
Por ver as missivas do livro a celebrar
A festa da leitura, a festa da palavra
Que a minha solidão desagrava
Por tê-las à minha beira
Porque vivê-las é a melhor maneira
De me sentir feliz, contente
Neste mundo cinzento e carente…
João Paulo S. Félix

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Mãe

No Natal recebi uma prenda da minha filha mais velha: Mãe.
Como é hábito na quadra natalícia, todos gostam de dar prendinhas e de receber, assim ela foi ter com a avó e explicou que devido a sua tenra idade não tinha nem dinheiro, nem sabia o que comprar à sua mãe. Foram às compras e obviamente optaram (com muito bom gosto) por este livro de Pearl S. Buck... só, e sendo um óptimo motivo, pelo título Mãe.

Confesso que, se por um lado fiquei comovida pelo gesto e pelo título do livro, também fiquei um pouco céptica em relação ao mesmo... nunca tinha ouvido falar nem da autora, nem do livro!

Pearl S. Buck nasceu em 1882 e sendo filha de pais missionários, foi viver para a China aos três meses. Sua obra A Boa Terra, de 1931, vendeu 1,8 milhão de cópias somente no primeiro ano e, por ela, recebeu o Prémio Pulitzer em 1932. Venceu também o Prémio Nobel de Literatura em 1938, sendo a primeira mulher a receber este prémio.
Mãe é uma obra fantástica, uma história de vida dura e rural nas províncias da China. As personagens não têm nomes; apenas e muito bem, são caracterizadas pelas relações familiares: mãe, pai, filho mais novo, primo, mulher do primo...
Uma mãe, que abandonada pelo marido, consegue criar três filhos (o filho mais velho, a filha cega e o filho mais novo) a muito custo e com muitas dificuldades. Não existe neste livro suspense ou fantasia! Somente uma história de vida de uma mãe que luta, que mente, que trabalha, que comete erros, que se redime, que ama, que vive para os filhos... e quando tudo parece acabar, o ciclo da vida renova-se e a esperança de uma vida melhor surge como por milagre.
Uma verdadeira história de luta por uma vida nobre, simples e pobre.
Recomendo vivamente!

Nota: 9/10

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Conviver com os adolescentes

Recebi este livro como presente de natal, um presentinho de uma colega, digo Amiga. Li o título “Conviver com os adolescentes”, folheei-o e percebi que se tratava de um minilivro de auto-ajuda para pais, professores e educadores, motivo pelo qual quis partilhá-lo com outros leitores.

Citando Jim Auer:
Quando o teu filho se aproximar dos treze anos, vais notar que a criança que criaste ou educaste é agora um estranho -um adolescente. Este pequeno manual ensinar-te-á a arte e as estratégias que precisas para ultrapassar esta fase – assim como sugestões para melhorar a tua relação com o teu filho adolescente. Poderás sobreviver e até gostar desta fase. Deixa que os duendes deste livro te mostrem como!”

A todos os pais, futuros pais de adolescentes ou professores deixo-vos um conselho que me tocou especialmente:
Tu tens o direito de querer que o teu filho” ou aluno “se torne um jovem bom e honrado… Contudo, não é realista esperares que ele se torne uma cópia tua…” ou de outra pessoa.
Cada ser é único e não deve ser comparado mas sim compreendido, aceite e ensinado a caminhar, da melhor forma, na longa estrada da vida.
Nota: 7/10

sábado, 17 de janeiro de 2009

O Ouro dos Cruzados

Sinopse:
"A bordo do Seaquest II, no porto de Istambul, Jack Howard e a sua equipa organizam um mergulho em busca de um tesouro envolto em mistério. Esperam descobrir o fabuloso ouro que os romanos saquearam do Templo de Salomão e de que fazia parte a Menorá, o cobiçado símbolo sagrado do judaísmo, e mais tarde desaparecido em Constantinopla, na época das Cruzadas. O que o explorador vem a descobrir leva-o e à sua equipa numa aventurosa busca, ao mesmo tempo geográfica e cronológica, à volta do mundo, desde a queda do Império à ascensão viquingue e às suas navegações até ao continente americano e até aos tempos do poder Nazi, um périplo onde afloram igualmente os segredos do Vaticano. Entretanto uma obscura seita secreta, atravessa-­se no caminho dos exploradores, determinada a recuperar o ouro dos cruzados a todo o custo."
Ler este romance é viajar por vários mundos à procura de um tesouro; o leitor transforma-se em caçador de tesouros juntamente com arqueólogos experientes, envolve-se em profundas intrigas, descobre momentos da história mundial há muito esquecidos.
Gostei muito deste livro de David Gibbins, consegui manter-me atenta na leitura sempre que este autor deixa mais uma pista para descobrir no capítulo seguinte; não apetece deixar de ler, até conseguir decifrar todas as pistas.
O suspense mantém-se até ao fim!
Nota: 7/10

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Écrire

"J'ai toujours fui l'écriture dans le dessin"
Daniel Pennac

Daniel Pennac é um amante da escrita (como já foi referido no outro post sobre o livro Chagrin d'école). Neste livro Écrire, através de desenhos, ele fala-nos sempre e ainda, da escrita e dos escritores.
A personagem principal é uma caneta de tinta permanente preta, que suponho eu, deve ser a sua eterna companheira na escrita; apresentada cheia de poder, de criatividade, de libertação, de tortura para quem a possui... UM LIVRO INTRIGANTE!


quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Chagrin d'école - Daniel Pennac


"Sempre disse que a escola são os professores. Quem me salvou foram três ou quatro professores" (D. Pennac, 2007, p.57)


Ainda não está traduzido em português, mas podíamos traduzi-lo por “Insucesso na escola”. Foi uma obra que descobri por acaso, numa citação, e que logo me impeliu para a pesquisa. Como professora, educadora e formadora não o poderia perder. Enfim, depois de muito “bater à porta” de tantas editoras, uma possuía mesmo o original, em língua francesa.
Li, reflecti e fiz a ponte com a nossa realidade. Nada mais parecida. Afinal o que afecta a educação em França é, certamente, o que temos no nosso país. Daniel Pennac dá-nos a verdade nua e crua da realidade escolar e o porquê do insucesso. Ele, o grande pedagogo, pensador, sociólogo e homem de literatura. Com o seu exemplo (ele era um mau aluno, mas daqueles que todos nós conhecemos, um agitador, um desinteressado, um preguiçoso, “un cancre” como se diz em francês, para designar de forma grosseira aquilo que vulgarmente se diz “burro”), qualquer um que leia o livro chega à conclusão que não há alunos bons nem maus. Há alunos que se encontram perdidos, sem saberem o seu rumo. É necessário que alguém lhes indique o caminho.
Fala-nos dos problemas sociais da actualidade, indicando algumas chaves pedagógicas para pais e professores. Tudo o que ele é o deve a três professores – os seus salvadores. O primeiro de todos, um professor de Língua Materna (para ele o francês), teve a feliz ideia de acabar com as suas desculpas e dissertações para se desculpar da falta de estudo e dos deveres de aluno, pedindo-lhe que escrevesse um romance. Foi este o clic que o chamou à realidade, introduzindo-o no mundo da literatura. Nunca mais deixou o dicionário, os bons escritores e a leitura. É um auto-retrato, cheio de humor e de factos reais, mas saborosos. Fascina-nos com o seu talento e a sua capacidade de contador de histórias.
Só para professores? Não. Essencialmente para pais, tal como ele teve o grande apoio familiar, apesar de todos os insucessos escolares que ia revelando. O suporte familiar nunca falhou. Depois, bastou o feeling de alguns professores para o fazerem despertar. Palmas para Daniel Pennac e para todos os professores que, tal como aqueles que descobriram este prodígio, tanto fazem pelo ensino e pela educação.
A propósito, também descobri um poema de Jacques Prévert que nos fala dos chamados alunos a quem apelidam de “cancres” e que não queria deixar de vos dar a conhecer, pois está na linha do discurso da obra aqui referenciada. É ao mesmo tempo real e cruel.
Vão as duas versões, sendo a portuguesa traduzida e adaptada por mim, para que todos compreendam.


“Le cancre”

Il dit non avec la tête
Il dit oui avec le coeur
Mais il dit oui à ce qu’il aime
Il dit non au professeur.
Il est debout
On le questionne
Et tous les problèmes sont posés.
Soudain le fou rire le prend
Et il efface tous les chiffres et les mots,
Les dates et les noms,
Les phrases et les pièges.
Et malgré les menaces du maître,
Sous les huees des enfants prodiges
Avec des craies de toutes les couleurs
Sur le tableau noir du malheur
Il dessine le visage du bonheur.

Jacques Prévert


“O mau aluno”

Ele diz não com a cabeça
Ele diz sim com o coração
Mas diz sim àquilo de que gosta
Ele diz não ao professor.
Ele está de pé
Alguém o questiona
E todos os problemas se colocam.
De repente, desata a rir-se
E apaga todos os números e palavras,
As datas e os nomes,
As frases e as ciladas.
E apesar das ameaças do mestre,
Sob os apupos dos meninos-prodígio,
Ele desenha o rosto da felicidade
Com o giz de várias cores
No quadro negro da infelicidade.

Isilda Lourenço Afonso

Nota: 10/10

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A Invenção de Leonardo

"E se todas as invenções de Da Vinci funcionassem realmente?" in capa do livro.
"Uma combinação deliciosa de romance histórico, mistério e conspiração, que no final ainda nos deixa a pensar." - Publishers Weekly

A leitura deste romance foi demorada, não me cativou como seria de esperar, ao ler as várias críticas na capa e contra-capa do livro.
O romance está muito bem escrito, as personagens e as localidades estão bem retratadas e descritas, no entanto, parece que me faltou algo...
Não é um romance para prender o leitor horas a fio pela noite dentro.
Lê-se bem e ponto final.
Nota: 5/10

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

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domingo, 11 de janeiro de 2009

Tobias e o Anjo

Li este livro e fiquei seduzida pela mensagem que nos transmite e pelo jeito, ilusoriamente simples, de lidar com as palavras, seleccionando-as, acomodando-as em frases/textos transbordantes de beleza.
É um livro que nos faz reflectir sobre as relações familiares, o impacto que elas podem ter nas crianças, o papel da escola, a importância da comunicação, o poder das palavras… E que nos obriga a deter em algumas frases ou expressões para apreciar a riqueza do seu conteúdo e a sua expressividade semântica, provenientes de uma evidente capacidade analítica e de uma fascinante criatividade da sua autora.
Conta-nos a história de uma menina que morava, com seus pais, num grande prédio nos arredores de uma cidade. Não tinha irmãos e os seus pais estavam sempre ocupados a berrar um com o outro. Por sorte, tinha o avô.
Os seus pais, nas fotografias do casamento, “tinham um brilho extraordinário nos olhos, como se uma fada tivesse deitado lá dentro lantejoulas”. Depois, este brilho desapareceu… A menina estranhava. “Os sonhos são como bolhas. De repente explodem e não fica nada. Com o nada também a luz se afasta.”- explicava o avô.
As contínuas discussões dos pais eram formadas por “palavras-térmitas”, “palavras-aranhas”, “palavras-escorpiões”… As palavras do avô eram muito diferentes. Não eram “palavras-pedrada-na-cara”. Em vez de fecharem as portas, abriam-nas. Eram “palavras-chave” e “palavras-manta”, “palavras-tépidas”, que aconchegam.
As”palavras-lixo” deixavam-na indiferente como uma pedra no meio do deserto.
As palavras da escola eram “palavras-confusão”, pois não respondiam a nenhuma das perguntas que enchiam a sua cabeça.
Quando o avô não estava, a menina sentia-se só. Ouvia a linguagem das coisas, mas não a das pessoas. Com as coisas, ela comunicava, falava sem abrir a boca, mas com as pessoas isso não era possível.
A menina tinha a sensação de que ninguém gostava dela, sentia-se um nada de que todos queriam ver-se livres.
E, um dia, saiu de casa e desapareceu…
O que lhe teria acontecido? Como teriam reagido os pais? Quem seria Tobias? E o Anjo?
Leia este livro e descubra as respostas a estas perguntas.

Às vezes, é preciso perder as coisas, para perceber a sua importância…

Lídia Valadares

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A razão dos avós


"Quanto maior é a dúvida sobre o passado, mais perguntas surgem a questionar o presente" in contra-capa.


Mais uma vez Daniel Sampaio surpreende com este livro. Qual o papel dos avós na nossa sociedade? Que relevância têm exactamente na educação dos seus netos? Que magia transportam eles para o seio do imaginário das crianças? Que lugar lhes dão os pais, seus filhos? Que valores transmitimos no século XXI?
Tantas perguntas... algumas com respostas, outras só nós sabemos como lhe responder.
É essencialmente um bom motivo para nós adultos, filhos de alguém e pais de crianças e jovens, reflectirmos sobre a importância das várias gerações na família.
Não é um romance para ler de fio a pavio. É um livro para ler calmamente, sem atropelos para interiorizar o que está escrito mas sobretudo para pensar e reflectir sobre a educação dos nossos filhos.
Nota: 8/10

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Casa da Leitura: Formar Leitores para ler o Mundo

"Formar leitores para ler o mundo nos dias 22 e 23 de Janeiro de 2009, o projecto GULBENKIAN CASA DA LEITURA organizará um Congresso Internacional de Promoção da Leitura, tendo por tema FORMAR LEITORES PARA LER O MUNDO. O Congresso pretende seguir as áreas que estruturam o portal, ou seja, a literatura infanto-juvenil, as questões teóricas da leitura enquanto processo cognoscivo e as boas práticas e estratégias de promoção da leitura. Assim, na sequência dos objectivos da Casa da Leitura, trata-se de acrescentar eficácia ao desenvolvimento de projectos e políticas de formação de leitores competentes. Formar leitores competentes é, pois, a linha orientadora do Congresso: as políticas, estratégias, metodologias e instrumentos para a formação de novos públicos leitores devem ser o fio condutor e unificador de todas as temáticas abordadas."
Para mais informações consulte a página da Casa da Leitura: http://www.casadaleitura.org/

domingo, 4 de janeiro de 2009

A Conspiração do Graal

Sinopse:

"A possível descoberta do Santo Graal, a relíquia mais sagrada e procurada da humanidade, é apenas a ponta do icebergue desta narrativa bem pensada e empolgante. Num anúncio à comunicação social de todo o mundo, o Cardeal António Ianucci, conservador do Vaticano e Director de Antiguidade de Arte, afirma que o artefacto recentemente descoberto no Iraque é o cálice usado por Jesus durante a última ceia. A jovem repórter da SNN, Cotton Stone, tudo fará para obter a sua história. Quando se vê no meio da notícia mais importante dos últimos dois mil anos, Cotton pede ajuda a John Tyler, um especialista na Bíblia e padre de licença das suas tarefas, mas não dos seus votos. Para além do trabalho jornalístico, Cotton, terá ainda de desvendar o motivo porque pessoas desconhecidas insistem em dizer-lhe que ela é "a única", mantendo-se ao mesmo tempo, um passo à frente de todos aqueles que parecem querer matá-la. Depois, talvez ela consiga chegar à verdadeira história, a tempo de evitar o Apocalipse…"
Mais um livro que adorei ler... Quem gostou do Código da Vinci, também vai gostar deste; sem dúvida. De leitura fácil , empolgante... cada página com novos desafios, para quem aprecia este género de romances multifacetados baseados em intrigas, em religião, em ciência, em história: uma boa escolha.
Nota: 9/10

sábado, 3 de janeiro de 2009

A Lenda de Despereaux

Sinopse:

"Despereaux Tilling é o único sobrevivente de uma ninhada de pequenos ratinhos, nascidos de um pai inglês e de uma mãe francesa, nos locais mais secretos de um castelo de contos de fadas. Nascido com umas orelhas desmesuradamente grandes, de olhos abertos e uma estranha capacidade de abstracção, poucos são os que acreditam que sobreviverá. Mas sobrevive e revela ter uma sensibilidade muito particular para a música e a leitura, actividades que privilegia em detrimento das ditas “actividades de ratos”, como buscar comida, mordiscar as folhas dos livros e mastigar a sua cola. Certo dia, atraído pela música que lhe soa a mel, aproxima-se do rei e da princesa que habitam o castelo e apaixona-se…"
Ir ao cinema é divertido, descontrai... mas porque não juntar o ingrediente da leitura. Podemos neste momento desfrutar em qualquer sala de cinema o desenho animado A Lenda de Despereaux.
Bem feito, desenhos atraentes, mensagens extremamente relevantes nos dias que correm... Reforça-se os valores da coragem, da amizade, da verdade, da sinceridade. Gostei e acho que se deve ler o livro para aprofundar e reconhecer estes valores. Aconselho a ir ao cinema mas também a ler o livro... eu vou!