quinta-feira, 12 de março de 2009

O Melhor do Mundo são as Crianças

Ofereceram-me este livro, como já referi anteriormente noutro post, e adorei. Obrigado...
É uma antologia de poemas e de textos de Fernando Pessoa para a infância; e achei delicioso!
Por um lado, porque em diversas ocasiões, ouço dizer que determinados poetas ou escritores só dedicaram a sua escrita aos mais jovens ou adultos, esquecendo-se das crianças. Preconceito...!!! Leiam este livro e irão ver que Fernando Pessoa escreveu vários poemas ou textos para entreter as suas sobrinhas.
Por outro lado, participei numa acção de formação "Leitura a par" dinamizada pela minha querida Amiga Lídia Valadares e sabem o que encontrei neste livro... vários dos poemas que ela salientou como sendo de referência para as nossas crianças, sejam elas: alunos, filhos, sobrinhos ou conhecidos. Leiam e aproveitem o momento:
Pia, pia, pia
O mocho,
Que pertencia
A um coxo.
Zangou-se o coxo
Um dia,
E meteu o mocho
Na pia, pia, pia...
(p.12)
Poema Pial
Toda a gente que tem as mãos frias
Deve metê-las dentro das pias.
Pia número Um,
para quem mexe as orelhas em jejum.
Pia número Dois,
Para quem bebe bifes de bois.
Pia número Três,
Para quem espirra só meia vez.
Pia número Quatro,
Para quem manda as ventas ao teatro.
Pia número Cinco,
Para quem come a chave do trinco.
Pia número Seis,
Para quem se penteia com bolos-reis.
Pia número Sete,
Para quem canta até que o telhado se derrete.
Pia número Oito,
Para quem parte nozes quando é afoito.
Pia número Nove,
Para quem se parece com uma couve.
Pia número Dez,
Para quem cola selos nas unhas dos pés.
E, como as mãos já não estão frias,
tampa nas pias!
(p.21-22)
A autora deste pequeno livro de antologias de poemas de Fernando Pessoa, é Manuela Nogueira, sobrinha do nosso conhecido poeta e relata-nos como foi a sua infância com seu tio. Aconselho também a leitura do artigo da revista LER sobre Fernando Pessoa.
"(...) No entanto, a irmã Teca contava que o Fernando se interessava muito pela leitura e passava muito tempo recolhido no quarto a ler. Já nessa época tinha muitos cadernos, que não lhes mostrava e que ela só mais tarde viu, onde havia listas delivros que queria ler, poesias em inglês e muitas charadas. Adorava charadas numéricas e outras. Mais tarde com o nome inventado de Abílio Quaresma escrevia contos policiários (como chamava aos contos policiais) e arquitectava charadas." p.54

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