quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Rato de Alexandria - O livro que falava com o vento e outros contos

Enquanto fazia o percurso das bibliotecas ao longo dos tempos, veio-me à memória “O Rato de Alexandria”, um dos contos de O livro que falava com o vento e outros contos,de José Jorge Letria. Esta história trata de um rato que morava num sítio especial: a Biblioteca de Alexandria, onde havia milhares de pergaminhos e papiros, contendo todos os conhecimentos que os homens tinham até então conseguido acumular e passar para a escrita. Sentiu curiosidade por desvendar os segredos guardados naqueles documentos e transformou-se no primeiro rato a saber ler, descobrindo imediatamente o prazer da leitura. Assistia às animadas discussões que ocupavam durante vários dias os cientistas e os filósofos de Alexandria. “Conhecia todos os grandes sábios do seu tempo e, à medida que os ia conhecendo, ganhava admiração por eles e ficava com pouca paciência para ouvir as deslavadas conversas dos ratos seus irmãos.”
De leitura em leitura, foi ficando cada vez mais sábio e, ao mesmo tempo, envelhecendo.

Alexandria também envelhecia. Um dia, um grande fogo começou a alastrar dentro da biblioteca e o rato, antes da fuga, conseguiu juntar alguns pergaminhos e levou-os para longe do incêndio. Nos anos seguintes, num templo dos arredores da cidade, o rato de Alexandria não esqueceu nada do que tinha aprendido e conseguiu transmitir os seus conhecimentos aos ratos mais novos.

Um dia o rato morreu… Contudo, “muitos anos depois, todos os ratos dessa terra sabiam ler e veneravam uma estrela estranha e longínqua chamada Alexandria.

Do mesmo livro, também vou destacar o conto “O Sábio, o Califa e o Saber”, onde um califa ordena ao homem mais sábio da corte que organize e resuma todas as formas de saber que, durante séculos, foram armazenadas pelos sábios, pelos cientistas e pelos poetas do seu reino. Tinham sido feitas grandes descobertas, mas o califa temia que se perdessem, pois andavam só de boca em boca…

Esta passagem ilustra o reconhecimento da importância da palavra escrita. De facto, já na Antiguidade, os governantes se preocupavam em mandar escrever os documentos mais relevantes. Um bom exemplo disso é o Código de Hamurabi, um dos mais antigos conjuntos de leis escritas, elaborado por volta de 1700 a.C.

A história de José Jorge Letria continua, mas deixo-vos o grato prazer de a descobrirem, bem como aos outros contos que fazem parte deste livro fantástico.

Lídia Valadares

5 comentários:

isilda disse...

Não é por acaso que se utiliza a expressão "rato de biblioteca" em muitos contextos. Eu tenho sido, ultimamente, mas devo dizer que é tão enriquecedor e tão reconfortante que tenho de dar esta receita a quem ler este comentário (se é que ainda não é amante de livros).
Este livro que a Lídia nos apresenta vem dar-nos o mote e o desafio para a sua leitura. Só quero é que mo emprestes, porque a minha bolsa já não aguenta.
Deve ser alguma coisa que nos fará pensar a sério na importância do saber?

Isilda

Ana Isabel Pedroso disse...

Surpresa!!!...passa pelo meu blog!

Bjs!!

Lídia Valadares disse...

É claro que to empresto com todo o gosto, Isilda. De facto, é algo que nos faz reflectir sobre a importância da escrita, da leitura, do saber, mas de uma forma leve e encantadora.
Eu sinto-me um daqueles ratinhos mais novos que veneram uma estrela chamada Alexandria...

Lídia

Anónimo disse...

Queridas Princesinhas, Cristina Bernardes e isilda,

Saudade...
Adoro visitar também este belo blog!!!
Adoro suas postagens...
Parabéns a todos os participantes deste fascinante blog!!!
Queridas amigas, tem prêmio pra você no meu blog “CelyLua Sorrisos”.
É o primeiro prêmio que meu novo blog “CelyLua Sorrisos” Recebe.
Portanto, é uma satisfação pra mim, estar repassando também pra todos vocês do blog.
Deus abençoe todos vocês.
Beijos de poesias.
“Feliz São João!”.
Com apreço,
CelyLua, Amiga e fã do seu brilhante blog.

Muito obrigada!

Iceman disse...

Muito interessante esse conto que, pessoalmente, desconhecia.

Por falar na Biblioteca de Alexandria, ainda hoje se desconhece as verdadeiras repercussões do Grande Fogo. Imagine-se as obras únicas que ali desapareceram.