É Preciso Inovar
A Comissão Europeia propõe que 2009 seja o “Ano Europeu da Criatividade e Inovação”.
John MacDonald, porta-voz da Comissão Europeia, responsável pela Educação, Formação, Cultura e Juventude, considera ser de extrema importância a promoção da criatividade e inovação para o desenvolvimento de competências pessoais e sociais pela vida fora, para a globalização e para a própria economia, e encoraja os Estados-membros a trabalharem juntos neste projecto.
Perfilho e aplaudo esta proposta. Sim, creio que, muitas vezes, a solução para graves problemas reside numa combinação talentosa de criatividade e inovação. Mas eu penso que é preciso, sobretudo, inovar mentalidades, percepções, posturas, atitudes… É urgente criarmos novos hábitos, novas práticas de pôr em acção o que julgamos indispensável.
De facto, consideramos que é absolutamente imprescindível cuidar do nosso planeta (da nossa casa, afinal!) e que isso é responsabilidade de TODOS NÓS. Aprovado por unanimidade. Disto ninguém tem dúvidas! Mas, na verdade, esta convicção inabalável é desgastada pela correria do dia-a-dia e, quando damos conta, “TODOS” passam a ser OS OUTROS e tranquilizamo-nos, pensando: “Afinal, mais um, menos um, não faz diferença nenhuma!”, esquecendo uma regra elementar: o todo é a soma de todas as partes.
E quem fala do Planeta, fala de outros aspectos. Fala, por exemplo, da Economia, da Educação… Cada vez mais, no mundo actual, é preciso trabalhar em conjunto, em equipa, em parceria, e isso só funciona quando cada um de nós tomar a verdadeira consciência de que é parte integrante e fundamental de uma engrenagem, na qual desempenha um papel insubstituível, e que só funciona quando todos, isto é, cada um de nós não se demitir das suas funções. Quando cada um de nós estiver disposto e tiver a humildade (ou a inteligência) de aprender com os outros, por exemplo, com os seus pares, com as crianças…
Às vezes, cometemos o erro de pensar que precisamos de fazer coisas geniais, extraordinariamente abrangentes, para salvar o mundo e logo desanimamos ao pensar que isso está fora do nosso alcance (as inovações são para os génios!). Pois eu penso que não é esse o caminho certo. Creio que as grandes obras resultam do somatório articulado, persistente e sistemático de coisas simples, de pequenos gestos e atitudes do dia-a-dia, bem à nossa dimensão, à nossa pequenez, e resultantes da nossa convicção, empenho e criatividade, que cada um procura desenvolver ao máximo para criar um futuro mais risonho, não apenas o seu, mas o de uma sociedade na qual está inserido.
E, nesta linha de pensamento, surgiu na vitrina da minha memória um livro que já li há algum tempo, mas que fui buscar à estante para reler. Bom sinal, pois muitos livros se lêem, mas poucos se relêem, na minha opinião. Eu reli: A Maior Flor do Mundo, de José Saramago. E confesso que o achei ainda mais delicioso, desta vez. Talvez porque já con
hecia a história e fiquei mais disponível e atenta a outros pormenores. Talvez porque tive hipótese de estabelecer novos diálogos com o texto, de preencher mais espaços em branco… Ou, talvez, porque, como diz André Maurois, “A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde.” E a minha alma respondia a cada passagem, a cada palavra, a cada espaço em branco. Achei o livro fantástico!
Começa, assim, o autor: “As histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças, sendo pequenas, sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas. Quem me dera saber escrever essas histórias, mas nunca fui capaz de aprender e tenho pena. Além de ser preciso escolher as palavras, faz falta um certo jeito de contar…”. Pois eu acho que Saramago escolheu, com mestria, as palavras e deu provas de um jeito fascinante de contar essas histórias.
Fala de um menino que salta de “árvore em árvore como um pintassilgo” e se dedica “à vagarosa brincadeira que o tempo alto, longo e profundo da infância a todos nós permitiu…” E eu habitei, por momentos, a minha infância…
E, nesta inebriante felicidade e liberdade, o menino andou, andou, por caminhos sem fim, até que chegou ao cimo de uma imensa encosta, onde só havia uma flor. “Mas tão caída, tão murcha, que o menino se achegou de cansado.”
Bem, o que se passa daqui para a frente eu não vou contar, até porque perderia toda a beleza, só lendo… O autor passa da prosa à prosa poética, de novo volta à prosa, mas cada palavra, cada expressão desperta múltiplas sensações, emoções, e dá provas de uma singular arte de escrever. A história é muito curta, mas a lição é GRANDE.
E termina desta forma: “Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita?...”
Não resisto em citar o que está na contra-capa do livro e que achei provocatório (bem ao jeito de Saramago), mas fantástico: “E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”
Mas, afinal, o que tem a ver este livro com o assunto inicial? Por que razão apareceu ele no fio da meu pensamento?
Leiam-no e descobrirão facilmente porquê.
Lídia Valadares
John MacDonald, porta-voz da Comissão Europeia, responsável pela Educação, Formação, Cultura e Juventude, considera ser de extrema importância a promoção da criatividade e inovação para o desenvolvimento de competências pessoais e sociais pela vida fora, para a globalização e para a própria economia, e encoraja os Estados-membros a trabalharem juntos neste projecto.
Perfilho e aplaudo esta proposta. Sim, creio que, muitas vezes, a solução para graves problemas reside numa combinação talentosa de criatividade e inovação. Mas eu penso que é preciso, sobretudo, inovar mentalidades, percepções, posturas, atitudes… É urgente criarmos novos hábitos, novas práticas de pôr em acção o que julgamos indispensável.
De facto, consideramos que é absolutamente imprescindível cuidar do nosso planeta (da nossa casa, afinal!) e que isso é responsabilidade de TODOS NÓS. Aprovado por unanimidade. Disto ninguém tem dúvidas! Mas, na verdade, esta convicção inabalável é desgastada pela correria do dia-a-dia e, quando damos conta, “TODOS” passam a ser OS OUTROS e tranquilizamo-nos, pensando: “Afinal, mais um, menos um, não faz diferença nenhuma!”, esquecendo uma regra elementar: o todo é a soma de todas as partes.
E quem fala do Planeta, fala de outros aspectos. Fala, por exemplo, da Economia, da Educação… Cada vez mais, no mundo actual, é preciso trabalhar em conjunto, em equipa, em parceria, e isso só funciona quando cada um de nós tomar a verdadeira consciência de que é parte integrante e fundamental de uma engrenagem, na qual desempenha um papel insubstituível, e que só funciona quando todos, isto é, cada um de nós não se demitir das suas funções. Quando cada um de nós estiver disposto e tiver a humildade (ou a inteligência) de aprender com os outros, por exemplo, com os seus pares, com as crianças…
Às vezes, cometemos o erro de pensar que precisamos de fazer coisas geniais, extraordinariamente abrangentes, para salvar o mundo e logo desanimamos ao pensar que isso está fora do nosso alcance (as inovações são para os génios!). Pois eu penso que não é esse o caminho certo. Creio que as grandes obras resultam do somatório articulado, persistente e sistemático de coisas simples, de pequenos gestos e atitudes do dia-a-dia, bem à nossa dimensão, à nossa pequenez, e resultantes da nossa convicção, empenho e criatividade, que cada um procura desenvolver ao máximo para criar um futuro mais risonho, não apenas o seu, mas o de uma sociedade na qual está inserido.
E, nesta linha de pensamento, surgiu na vitrina da minha memória um livro que já li há algum tempo, mas que fui buscar à estante para reler. Bom sinal, pois muitos livros se lêem, mas poucos se relêem, na minha opinião. Eu reli: A Maior Flor do Mundo, de José Saramago. E confesso que o achei ainda mais delicioso, desta vez. Talvez porque já con

Começa, assim, o autor: “As histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças, sendo pequenas, sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas. Quem me dera saber escrever essas histórias, mas nunca fui capaz de aprender e tenho pena. Além de ser preciso escolher as palavras, faz falta um certo jeito de contar…”. Pois eu acho que Saramago escolheu, com mestria, as palavras e deu provas de um jeito fascinante de contar essas histórias.
Fala de um menino que salta de “árvore em árvore como um pintassilgo” e se dedica “à vagarosa brincadeira que o tempo alto, longo e profundo da infância a todos nós permitiu…” E eu habitei, por momentos, a minha infância…
E, nesta inebriante felicidade e liberdade, o menino andou, andou, por caminhos sem fim, até que chegou ao cimo de uma imensa encosta, onde só havia uma flor. “Mas tão caída, tão murcha, que o menino se achegou de cansado.”
Bem, o que se passa daqui para a frente eu não vou contar, até porque perderia toda a beleza, só lendo… O autor passa da prosa à prosa poética, de novo volta à prosa, mas cada palavra, cada expressão desperta múltiplas sensações, emoções, e dá provas de uma singular arte de escrever. A história é muito curta, mas a lição é GRANDE.
E termina desta forma: “Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita?...”
Não resisto em citar o que está na contra-capa do livro e que achei provocatório (bem ao jeito de Saramago), mas fantástico: “E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”
Mas, afinal, o que tem a ver este livro com o assunto inicial? Por que razão apareceu ele no fio da meu pensamento?
Leiam-no e descobrirão facilmente porquê.
Lídia Valadares
7 comentários:
Obrigado Lídia pelo seu contributo.
Beijinhos!
Salut, Lídia!
Tinha de ser. Eu já conheço a obra e por isso tenho de te dizer que o teu bom gosto continua operacional. Nem podia deixar de ser. O Saramago tem histórias bem interessantes para os jovens e devem ser divulgadas na hora.
Isilda Lourenço Afonso
Desconhecia por completo esta obra. Muito obrigada pela divulgação de mais uma obra fantástica de Saramago.
Eu já a li e é absolutamente maravilhosa!
Sigam o link e ouçam o próprio autor a narrar a estória:
http://devaneiosdulcissimosamarissimos.blogspot.com/2008/07/la-flor-ms-grande-del-mundo-jos.html
Beijo*
Joana Pinto
Deixei duas flores no LOC para a floresta mágica. :)
Obrigado Joana pela dica...
Loc, agradecemos os prémios!
Obrigada Cristina pela Dica de mais esta informação sobre este livro! Muito interessante este post! Beijos
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