domingo, 20 de setembro de 2009

e se Obama fosse africano e outras interinvenções

Sinopse: "Na sequência do anterior Pensatempos, Mia Couto ressurge com um conjunto de textos de intervenção que resulta da sua participação em encontros públicos nos últimos anos. São textos de reflexão crítica de um autor de ficção que, ao mesmo tempo que reinventa o seu universo, não abdica da sua missão de pensar o mundo. As intervenções abordam temas que vão da política à literatura, da cultura à antropologia, mas todos eles confirmam como o escritor moçambicano faz da sensibilidade poética um modo de entender a complexidade do nosso tempo."
Li este livro durante as minhas férias.
Este autor não é um dos meus preferidos no entanto, este pequeno livro surpreendeu-me bastante. Não é nenhum romance, é um conjunto de textos que Mia Couto proferiu em diversas intervenções como seminários e colóquios...

As reflexões que faz sobre a língua são espantosas, actuais e obrigam-nos a repensar a mesma. A intertextualidade está muito presente e algumas situações parecem mesmo anedotas... mas não o são.
Para mim e ressalvo que não conheço muitas obras deste autor, este livro revelou ser a sua melhor obra.

Deixo-vos com alguma citações que espero vos possam aguçar o espírito...
"(...) eu experimentei o gosto pelo namoro entre a língua e o pensamento, o gosto do poder divino da palavra." p.115
"A escrita não é um veículo para se chegar a uma essência, a uma verdade. A escrita é a viagem interminável. A escrita é a descoberta de outras dimensões, o desvendar de mistérios que estão para além das aparências." p.120
"(...) é fácil - embora se vá tornando raro - ser-se solidário com os outros. Difícil é sermos os outros. Nem que seja por um instante, nem que seja de visita. (...) Dizemos que somos tolerantes com as diferenças. Mas ser-se tolerante é ainda insuficiente. É preciso aceitar que a maior parte das diferenças foi inventada e que o Outro (o outro sexo, a outra raça, a outra etnia) existe sempre dentro de nós." p.143
"A escrita é uma casa que eu visito, mas onde não quero morar." p.196

7 comentários:

Are Two Brothers, Are Two Psichopaths disse...

Interessante, so esse trecho desperto meu interesse...enfim...vo procura esse livro.
adorei o blog!
;]

isilda disse...

Mais uma vez Mia Couto mostra os seus dotes de escritor. É outro livro que terei de ler e interiorizar. Acho que vou adoptar umas frases seleccionadas pela Drª Cristina para comentar com os meus alunos. A escrita é algo de desafiador e, ao mesmo tempo, de misterioso, tal como Mia Couto nos parece querer dizer.

Isilda

Unknown disse...

Oi! Obrigada pela visita também. Achei bem interessante a sua dica, não conheço o autor, mas fiquei curiosa.

Boa semana pra ti! e Boas leituras!

Unknown disse...

Ah e já ia esquecendo, achei lindo o layout do blog. ;)

Carla Martins disse...

Hum.....gostei! vai para a minha lista!

beijos!

Out of the blue disse...

Não posso ficar calada quando alguém escreve sobre Mia Couto, um escritor "reinventor" da língua portuguesa, que tem um conhecimento da vida,da alma da terra, das pessoas e da natureza como muito poucos. Posso deixar aqui a sugestão de leitura do seu último livro, um dos melhores que li este ano, "Jerusalém", que é simplesmente sublime! É preciso ser muito sábio para se escrever assim, para além de se saber escrever...

SEVE disse...

Acabei de ler este livro (E se Obama fosse Africano ....")e, tal como os anteriores que já li, "encheu-me as medidas", é efectivamente um grande autor da língua portuguesa. Li apenas 3 ou 4 livros dele mas de todos gostei muito, muito, "Jesusalém", "Venenos de Deus Remédios do Diabo" e "O último voo do Flamingo", foram apenas estes que li e gostei imenso imenso.Que grandes livros!