domingo, 31 de maio de 2009

Dia 1 de Junho - Dia Mundial da Criança


Há cerca de três anos, no Clube do “Cantinho da Leitura”, enquanto corrigia alguns trabalhos sobre actividades lá desenvolvidas, um aluno sugeriu: “- Professora, somos sempre nós a escrever para si! Escreva, também, alguma coisa para nós…” Os outros aliaram-se à sugestão e reforçaram o pedido num coro vigoroso. Eu sorri, um pouco admirada com a ideia, e concordei vagamente: “- Sim, talvez, um dia…”
Já em casa, os seus olhinhos brilhantes e expressivos, as suas vozes doces, as suas expressões acompanhavam-me e não abandonavam o meu pensamento. Peguei numa caneta e deixei que os meus sentimentos e pensamentos saltassem para o papel vestidos de palavras.
Na próxima sessão do “Cantinho da Leitura”, anunciei que tinha escrito algo para eles. Olharam-me surpreendidos e ficaram, por momentos, paralisados, calados, aguardando ansiosamente o que se seguia.
“- Fiz o trabalho que me pediram! – disse, não escondendo o carinho – Escrevi estas palavras para vós:”
SER CRIANÇA É…

Olhar o mundo
Com olhos de cristal,
A alma pura,
O coração aberto
E o sonho ali tão perto…

Olhar o céu
E querer o Sol, a Lua,
Galopar nas nuvens
Até além, onde o azul desagua,
Falar com as estrelas
E querer conhecê-las,
Bordar o céu com fantasia,
Brincar na lonjura da praia,
Cheirar a maresia.

Ser criança é…

Caminhar chutando
As pedras de calçada,
Saltar os muros,
Fugir à desfilada,
Chapinhar na água,
Sujar sapatilhas e calções,
Ouvir “sermões”
E ficar sem mágoa.

Ser criança é…

Sorrir, cantar, assobiar,
Pensar as brincadeiras,
Às vezes, fazer asneiras,
Correr até à exaustão,
Escorregar, cair no chão,
Levantar e continuar.

Ser criança é…

Estudar,
Mas também brincar,
Aprender a crescer, a viver, a pensar,
Mas também ensinar.

Ser criança é…

Olhar o mundo com esperança,
Querer ser bailarina, bombeiro,
Aviador, polícia, marinheiro,
Sem qualquer hesitação,
Com alegria e confiança.
É sonhar,
Fazer castelos no ar
E acreditar que amanhã
O Sol voltará a brilhar
E o mundo será seu…
Lídia Valadares, Leitura – Práticas Sedutoras, Ed. Gailivro

Nunca esquecerei a sua reacção! No final, bateram palmas, com uma alegria incontida, com os olhos brilhantes de emoção e sorrisos que me abraçavam. O que me disseram foi um presente valioso, de facto, um momento inesquecível!
Hoje, quero dedicar estas palavras a todas as crianças, porque penso nelas com um carinho muito especial. Gostaria, também, de as partilhar com os mais “crescidos” para que guardem, dentro de si, um pouco da alma de criança…
Lídia Valadares

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Cada um cumpre o destino que lhe cumpre

Esta semana foi uma semana complicada com o espectáculo dos nossos jovens na dramatização da peça Ardínia e Tedo... Atrasei-me um pouco nas minhas leituras...
Como ainda me ando a deliciar com Fernando Pessoa, deixo-vos aqui mais um belo poema:

Cada um cumpre o destino que lhe cumpre

Cada um cumpre o destino que lhe cumpre

E deseja o destino que deseja;

Nem cumpre o que deseja, nem desja o que cumpre.

Como as pedras na orla dos canteiros

O Fado nos dispõe, e ali ficamos;

Que a Sorte nos fez postos

Onde houvemos de sê-lo.

Não tenhamos melhor conhecimento

Do que nos coube que de que nos coube.

Cumpramos o que somos.

Nada mais nos é dado.

Odes/ Ricardo Reis.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Ardínia e Tedo e outras Lendas de Lamego

Finalmente, o trabalho de escrita do livro Ardínia e Tedo e outras Lendas de Lamego já está concluído e vai ser publicado esta semana.
Muitas horas de trabalho por parte de alunos desde os 11 anos até aos 14 anos. O livro está muito bem escrito... e não foi fácil... Tenho a certeza de que vão gostar.

"O fascínio das palavras, no sortilégio de lendas, narradas numa linguagem tão rica, cuidada e exigente,quanto repleta de sonoridades, imagens e sugestões."

Papiro Editora

Nota Introdutória: "A promoção de hábitos de leitura regulares estimula e consolida o processo de aprendizagem que, desde tenra idade, as crianças e jovens devem desenvolver. Na realidade, um livro pode proporcionar um mundo de experiências. Ao virar de cada página, a aventura, o drama, a comédia, o romance e muitos outros géneros, permitem aos mais novos abordar novas áreas do saber e satisfazer a sua aguçada curiosidade com conhecimentos e novas sensações. Por tudo isto, o livro e a leitura constituem um sólido contributo para o sucesso do sistema educativo e dos seus agentes. Por vezes, professores e alunos vão mais longe e tornam-se agentes activos do processo de criação de livros. Em boa hora, os alunos do segundo e terceiro ciclos do ensino básico do Colégio da Imaculada Conceição, respeitada instituição de ensino da cidade de Lamego, propuseram-se participar na reescrita de Ardínia e Tedo, uma história milenar associada à génese do Município de Lamego, de O Sino Dourado, e de outras lendas que, segundo a tradição, estiveram na origem do nome de alguns lugares, e de um rio, que nos são bem familiares (Britiande, Penajóia, Balsemão e Rio Douro). O resultado final é um livro muito interessante e didáctico. Estou certo que ajudará as gerações mais novas a descobrir um dos mais singulares e antigos exemplos do nosso valioso património cultural que povoa o imaginário histórico dos lamecenses.
Quero, em nome da Câmara Municipal de Lamego, felicitar o Prof. Fernando Marado, que mais uma vez se empenhou no trabalho activo com jovens com o intuito de fomentar a leitura, e todas as pessoas envolvidas na elaboração desta obra, professores e alunos, que, com mestria e entusiasmo, conseguiram rejuvenescer o espírito das lendas que estiveram na origem do Município de Lamego, e que até hoje sobrevivem ao esquecimento."
Presidente da Câmara de Lamego, Eng. Francisco Lopes

Exemplo a seguir: "Ao ler Ardínia e Tedo e Outras Lendas de Lamego, de autoria de Fernando Branco Marado e Jovens, lembrei um soneto que, em 2001, compus e lhe dediquei, e do qual me apraz transcrever a quadra: Caminheiro das grandes altitudes/Não se cansa nunca de subir/Exemplo vivo de sábias virtudes/Que não podemos deixar de o seguir… Desta feita, seguiram-no, uma vez mais, professores e alunos de uma das mais emblemáticas e conceituadas instituições educacionais de Lamego – o Colégio da Imaculada Conceição – a deixar patentear a altíssima qualidade no desempenho das suas funções e todo o amor e expectativa que deposita nos educandos e consecução dos objectivos. Neste caso, a arte de bem escrever e bem contar. Possuem, estas lendas reiventadas, enredos tão bem urdidos e conseguidos, que mais parecem realidades tangíveis e actuais, narradas numa linguagem tão rica, cuidada e exigente, quanto repleta de sonoridades, imagens e sugestões. Por isso, e olhando ao seu aspecto didáctico/pedagógico, fácil é de concluir que este Livro poderá transformar-se num excelente auxiliar de motivação e preparação para o estudo dos textos de autores do programa oficial e num bom exemplo de leituras complementares e paralelas. É também de salientar o rigor e a beleza das ilustrações de Jorge Vieira.
Que Lamego e o País saibam, pois, apreciar devidamente uma obra que é, simultaneamente, testemunho, cartaz e hino da ancestralidade e do valor histórico/patrimonial de uma Cidade, elevando-a e projectando-a."
Macário Ribeiro de Almeida

Nota Final: "Saber ler e escrever é interpretar a palavra. Quando cultivamos a palavra, estamos a formar algo que é mais que "saber", é "ser", na medida em que a palavra não vem do exterior; esta brota do interior das raízes humanas e corresponde a um desenvolvimento e amadurecimento interior. É pelo cultivo da palavra que se criam, no ser humano, as condições necessárias e favoráveis à compreensão e expressão que a mente abarca.
Orientar quem inicia estas lides do "obscuro mar" da palavra é o propósito do ensino da língua portuguesa e da literatura, e foi o propósito do Prof. Fernando Marado e da Prof. Ana Lúcia Baptista ao lançar mais um desafio aos nossos alunos do 2° e 3° ciclo do Ensino Básico, com a reescrita e a dramatização de Ardínia e Tedo e de outras lendas de Lamego.
“Na lenda de Ardínia e Tedo persiste a força mágica da memória e da imaginação de um povo, libertas num poetar congénito, à procura de uma consciência, de uma plenitude, em que o amor prevalecendo sobre a morte não aceita estar na imobilidade e no silêncio desta o nada de tudo, o nada absoluto”*. Em nome do Colégio da Imaculada Conceição de Lamego, quero agradecer profundamente o convite feito pelo Prof. Fernando Marado com quem é um prazer colaborar; congratular a Prof. Ana Lúcia Baptista e todos os professores envolvidos pelo o empenho e dedicação; felicitar os alunos das turmas de 5°, 6°, 7° e 8° anos do ensino básico pelo trabalho rigoroso e sério que desempenharam ao longo deste projecto; agradecer à Câmara Municipal de Lamego por participar nesta iniciativa; por fim congratular os pais e encarregados de educação por estarem sempre presentes na nossa instituição."
*Fernando Marado
Cristina Bernardes

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Não resisto, tenho de partilhar...

Quem ama é diferente de quem é
Todos dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei de fazer das minhas sensações.
Não sei o que hei de ser comigo sozinho.
Quero que ela me diga qualquer cousa para eu acordar de novo.

Quem ama é diferente de quem é
É a mesma pessoa sem ninguém.

O Pastor Amoroso / Alberto Caeiro in Citações e Pensamentos de Fernando Pessoa, p.168.

sábado, 23 de maio de 2009

Citações e pensamentos de Fernando Pessoa

«Viver não é necessário; o que é necessário é criar.»

Já chegou "às livrarias o livro Citações e Pensamentos de Fernando Pessoa, uma colectânea de Paulo Neves da Silva.

100 excertos, 350 citações, 65 poemas, distribuídos por mais de 200 temas. Uma compilação única dos melhores textos de Fernando Pessoa. Um livro verdadeiramente imprescindível para todos os admiradores do maior poeta português do século XX."
Isabel Garcia
(Casa das Letras)
Não é necessário nenhuma desculpa para comprar um bom livro... Pois é não consigo passar perto de uma livraria sem entrar; e ao entrar... não consigo sair sem ter pelo menos um novo livro debaixo do braço... :O)
Numa dessas minhas incursões pela livraria, encontrei este livro, acabadinho de sair para o grande público, com uma capa fantástica e com cheiro a poemas e citações. Não resisti!
Tenho vindo a deliciar-me com pensamentos, citações e poemas do nosso grande poeta Fernando Pessoa... a deliciar-me mesmo; a ir consumindo aos poucos, mastigando cada palavra, reflectindo sobre cada frase. Não aconselho a sua leitura de fio a pavio; apesar de eu o ter lido na diagonal logo no primeiro dia... mas agora tenho aproveitado as reflexões uma de vez em quando.
Para quem gosta deste poeta, recomendo vivamente... Ao ler esta obra, e numa leitura de debicar todos os dias (como diz Daniel Pennac), lembrei-me sempre dos nossos amigos do blogue Farol chamado Amizade... que adoram Fernando Pessoa e têm sempre imensa informação sobre este poeta... Este livro é para todos mas especialmente para vocês.
Espero que apreciem tanto quanto eu.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"Mamã, de que cor são os beijos?"

Este livro chegou -me através de um grande leitor de apenas 4 anos de idade, o Miguel. Fiquei extasiada com a qualidade do texto. Simples, profundo, divertido, meigo, muitíssimo interessante. Relata uma conversa entre o Roger e a sua mãe à hora de dormir, quando ela lhe responde:
"Os beijos? Pois..., ora... os beijos podem ter muitas formas e cores. Na verdade, mudam de cor consoante o que nos querem dizer." Nós adultos, andamos tão atarefados diariamente que por vezes nem nos apercebemos que cada beijo tem um som, um toque, um sentir especial.
Sugiro vivamente esta leitura em família.
Este livro é uma publicação da ItsImagical 2005, com texto de Elisenda Queralt e ilustrações de Carla Pott.

A Menina que sorria a dormir

Vou falar-vos de um livro que me deixou fascinada: A menina que sorria a dormir, de Isabel Zambujal.

Comecei por ficar curiosa com o título. Sorria a dormir?! Porquê? Usei um dos direitos do leitor, prescritos por Daniel Pennac no seu livro “Como um romance”, e comecei a “debicar” o livro aqui e ali, encontrando passagens que me agradaram imenso e me impeliram à sua leitura completa. Conta-nos a história de uma menina, a Glória, que vivia numa aldeia pequena e com poucos habitantes. Era uma menina igual a tantas outras, mas tinha uma dificuldade: não conseguia dormir sem ser embalada por histórias. Quando alguém parava de contar a história, fosse a que horas fosse, a menina abria imediatamente os olhos e dizia, sorridente: “- E depois, e depois?”. Ora, apesar de amor de mãe ser infinito, não há mãe que aguente noites inteiras e seguidas a contar histórias. Então, todos os habitantes da aldeia, num verdadeiro espírito solidário, cooperativo e comunitário, contribuíram para que a Glória tivesse um sono feliz e descansado, ou seja, seguindo uma escala elaborada pela professora daquele local, cada habitante, várias vezes por mês, passava a noite acordado a contar histórias à menina.

     O pai, que vivia muito longe, também lhe contava histórias, através de cartas, que a faziam viajar por terras distantes. Era o único que lhe contava histórias de viagens. Cada habitante tinha experiências de vida e gostos de leitura diferentes, portanto cada um tinha o seu tipo de histórias preferidas. Uns contavam fábulas, alguns, adivinhas, outros, histórias de reis e de princesas ou histórias doces…

     Só que esta situação estava a tornar-se insustentável para os habitantes da aldeia que, apesar de gostarem muito da menina, começavam a sentir o peso do cansaço acumulado de muitas noites em branco. Até que, um dia, Glória recebeu do pai um presente especial: uma caixinha e, no seu interior, uma menina que parecia uma princesa, deitada sobre um montinho de algodão branco e fofo como as nuvens. O bilhete que a acompanhava explicava que era uma “Fadinha de Olhos Fechados” e que a tinha descoberto num lugar onde as pessoas dormem a ouvir histórias, só que ninguém precisa de ficar acordado, pois todos os habitantes têm uma “Fadinha de Olhos Fechados a viver dentro da sua almofada. A Fadinha gosta de passar as noites a sussurrar histórias ao ouvido de quem dorme. A essas histórias chamam-lhes sonhos.” (p. 34).

     O que aconteceu em seguida? Ah, isso eu não conto! Leiam o livro e deliciem-se.

     Este livro fez-me lembrar um provérbio africano que diz o seguinte: “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança.” Quanta verdade e sabedoria ele encerra! Não tenhamos dúvidas de que é preciso uma “aldeia inteira”, ou seja, toda a Comunidade, para educar uma criança: Família, Escola, Sociedade, devem congregar esforços e articular estratégias, em prol da educação dos seus jovens. O resultado será compensador, altamente gratificante, como espelha esta história.

     E, para finalizar, só queria expressar um desejo: Que nunca deixemos de ouvir o sussurrar da nossa “Fadinha de Olhos Fechados” e nunca percamos a capacidade de sonhar e, até, de envolver os outros nos nossos sonhos, pois se alguns são pessoais, muitos outros poderão ser colectivos e abranger a nossa “ALDEIA”.

     É evidente que este livro, lido por uma criança ou um jovem, pode ter outras leituras, cada leitor faz a sua, pois “Se o texto é obra do autor, a leitura é uma actividade de reconstrução da significação por um leitor que lê o texto à luz do seu universo de referências” (Fernando Azevedo, Formar Leitores). Contudo, apesar de diferentes, as suas leituras não serão menos válidas, nem menos interessantes.

Lídia Valadares

terça-feira, 19 de maio de 2009

O Herdeiro de Sevenwaters

Sinopse: "Os chefes de clã de Sevenwaters são há muito guardiões de uma vasta e misteriosa floresta, um dos últimos refúgios dos Tuatha De Danann, as Criaturas Encantadas que povoam as velhas lendas. Aí, homens e habitantes do Outro Mundo coabitam lado a lado, separados pelo finíssimo véu que divide os dois reinos e unidos por uma cautelosa confiança mútua. Até à Primavera em Lady Aisling de Sevenwaters descobre que está grávida e tudo se transforma. Clodagh teme o pior, uma vez que Aisling já passou há muito tempo a idade segura para conceber uma criança. O pai de Clodagh, Lorde Sean de Sevenwaters, depara-se com as suas próprias dificuldades, vendo a rivalidade entre clãs vizinhos ameaçar fronteiras do seu território. Quando Aisling dá à luz um filho varão - o novo herdeiro de Sevenwaters - Clodagh é incumbida de cuidar da criança duarnte a convalescença da mãe. A felicidade da família cedo se converte em pesadelo quando o bebé desaparece do quarto e uma coisa não natural é deixada no seu lugar. Para reclamar o irmão de volta, Clodagh terá de entrar nesse reino de sombras que é o Outro Mundo e confrontar o poderoso princípe que o rege. Acompanhada nesta missão por um guerreiro que não é exactamente o que parece, Clodagh verá a sua coragem posta à prova até ao limite da resistência. A recompensa, porém, talvez supere os seus sonhos mais audazes..."
E como não é preciso desculpa nenhuma para ler Juliet Marillier, corri à livraria na semana passada e comecei logo a ler.
Não consegui, por motivos profissionais, ler a obra com a dedicação que ela merece... Fui pela primeira vez, num livro desta autora, um pouco mais lenta.
Fiquei positivamente surpreendida por este romance voltar a focar a nossa atenção nos três livros da Saga de Sevenwaters - A Filha da Floresta; O Filho das Sombras; A Filha da Profecia.
Foi necessário reler os resumos para relembrar estas histórias, recordei bons momentos visto que qualquer um dos volumes desta saga é realmente muito bom.
No que diz respeito a este volume, gostei bastante... Voltamos a sentir a paixão, o mistério, o fantástico, as rivalidades, as intrigas às quais associamos a escrita desta autora.
Tenho a certeza que todos os fãs de Juliet Marillier vão adorar mais este romance fantástico...
Esta escritora continua a não desiludir o seu público!

domingo, 17 de maio de 2009

A Arca de Noé

Nesta versão, Pedro Strecht (pedopsquiatra e um estudioso do desenvolvimento das crianças e da sua aprendizagem) não se limita a contar o Dilúvio descrito no Antigo Testamento. Como é alguém que lida diariamente com crianças, sabe que para que este episódio tenha algum significado para aqueles meninos e meninas que o possam vir a conhecer, seria necessário dar-lhe vida, realismo, interagir de uma forma quase actual (para não dizer totalmente actual).
De uma forma leve, familiar e de fácil compreensão devido ao discurso empregue, este escritor coloca os diálogos como se tudo estivesse a acontecer hoje. Até há excertos com piada, mas com um sentido e significado sérios.
Durante os dias do Dilúvio muitos ensinamentos são transmitidos aos leitores. Em todos os diálogos, o narrador não se coíbe de formular um conceito, uma atitude perante os momentos maus, as diferenças que existem entre os seres, põe-nos a fazer um baile para se distraírem das agruras da viagem, a brincar à gramática, etc.
Noé trabalhou dia e noite para construir uma embarcação sólida e resistente que aguentasse a fúria de Deus. Deus tinha-se zangado com os homens e agora iria castigá-los. Noé sabia disso e conduziu os animais e a sua família para a arca, mas assim que lá entraram começaram os desentendimentos. A girafa pôs-se a insultar a tartaruga, o hipopótamo meteu-se ao barulho e Noé acabou por pisar o porco-espinho. Os animais competiam uns com os outros pelo espaço e Noé teve que intervir para apaziguar os ânimos, explicando-lhes como um velho sábio que tudo o que é importante está dentro de nós.
Esta é uma obra que sem ninguém conhecer a Bíblia ou os episódios da religião cristã, a lêem, relêem com os seus alunos ou filhos, mas sempre numa perspectiva de indagação, da problematização, de não criticar os outros, realçar a amizade e a solidariedade…
Reparemos nos seguintes segmentos que Pedro Strecht escreveu e que dizem muito do conteúdo da obra:
“- Esta arca significa o amor que tenho pela vida!”(p. 14)
“- Respeitem-se, seja qual for o vosso tamanho, cor, forma ou feitio. Sejam todos amigos…”(p. 16)
“- Amigo, não temos de ser fortes em tudo. Olha à tua volta e traz-me aquele que nunca deu parte de fraco!” (p. 21)
“- Da fraqueza nasce a força…”(p. 22)
“- Quem não tem defeitos? Dêem valor às qualidades dos outros! Para gostarmos de nós, devemos ter respeito por quem nos rodeia.” (p. 27)
“- No que quer que façam, sobretudo em ocasiões difíceis, deixem o coração falar. Mostrem os vossos sentimentos, sem medo nem vergonha! E não sejam desagradáveis uns para os outros!” (p. 30)
“E se alguma coisa aprenderam ao longo daqueles meses, foi que ao conflito, à tristeza, ao desespero, se sobrepõe a amizade, o amor, o respeito pelos outros e o gosto de viver.”(p. 35)

Partilhem desta leitura e descobrirão o valor da amizade, do companheirismo e da união. E mais… apreciem as imagens bem sugestivas e dignas de descrição e de interpretação, quer pelos mais pequenos, quer pelos menos pequenos!

Isilda Lourenço Afonso

sábado, 16 de maio de 2009

Nova aquisição - O Beijo , a Paixão de Gustav Klimt

"Na glamorosa Viena de fin de siécle, a jovem filha de uma família burguesa, Emilie Flöge, conhece aquele que viria a ser o pintor austríaco mais famoso de todo o século XX - Gustav Klimt. A pedido do pai de Emilie, esta torna-se sua protégée, iniciando-se na arte do desenho e no meio criativo e libertino dos estúdios dos artistas. Intensa e tempestuosa, a relação da jovem Emilie com o pintor boémio vai assumindo, com o tempo, as tonalidades de uma paixão inconfessada, mas a que nenhum dos dois consegue opor resistência. Emilie torna-se sua amante, musa inspiradora da sua obra-prima, O Beijo, e seu grande amor. Com uma sensualidade vibrante, a prosa de Hickey transporta-nos para a atmosfera de elegância cosmopolita dos cafés vienenses, da ópera, das tertúlias, de uma comunidade de artistas extraordinária que agita a sociedade de Viena criando novos movimentos na arte. Um romance de estreia admiravelmente bem escrito, fascinante e encantatório como a própria pintura de Klimt."

Adoro este quadro deste famoso pintor.

Quando vi o livro O Beijo, a Paixão de Gustav Klimt de Elizabeth Hickey, não consegui resistir...
É a minha última aquisição.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Feira do livro em Lamego

A Câmara Municipal de Lamego vai realizar, no Parque da Cidade (Largo da Feira), a Feira do Livro de Lamego, de 17 a 24 de Maio.
Através do lema “Viver com livros”, a feira pretende oferecer aos seus visitantes um vasto programa de actividades artísticas e educativas.

"A Feira do Livro de Lamego, organizada pela Câmara Municipal de Lamego, pretende ser um evento fundamental para a divulgação do livro e fomento de hábitos de leitura, de modo a contribuir decisivamente para o aumento do nível de literacia e a promoção de Lamego como cidade de cultura.
A organização do espaço pretende ser dinâmica e atractiva onde o livro é o centro das actividades culturais. Contando com a presença, já confirmada, das livrarias existentes no concelho que vão assegurar a exposição de uma ampla montra de novidades editoriais, os visitantes ao deslocarem-se a este novo certame vão poder assistir a um programa complementar de animação cultural, marcado pela excelência e ecletismo. Neste contexto, merece especial destaque a realização de apresentações literárias, tertúlias, actuações musicais e exposições diversas.
Além dos espaços para as editoras existe mais um espaço de apoio à realização de eventos: o auditório, bem como um ateliê criativo que funcionará durante toda a feira.
A cerimónia de inauguração da primeira Feira do Livro contará com a presença do escritor Fernando Dacosta e a sessão de encerramento com a participação do jornalista Camilo Lourenço. A realização de um encontro de escritores locais, agendado para 22 de Maio, é outro momento alto do programa oficial da animação cultural."

Mais informações em: http://www.cm-lamego.pt/

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A leitura

“Leia vagarosamente, bovinamente, ruminando, brincando com as palavras, sem querer chegar ao fim, como se estivesse fazendo amor com a pessoa amada. A leitura leva-nos por mundos que nunca existiram e nem existirão, por espaços longínquos que nunca visitaremos. É desse mundo diferente, estranho ao nosso, que passamos a ver o mundo em que vivemos de uma outra forma.”
Rubem Alves, via Isilda Afonso.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Salta Folhinhas...

A nossa Kris vai lá estar... a contar histórias...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

marés de inverno

Sinopse: " «– A minha memória tem buracos que não consigo preencher – disse-me em tom triste. – Quero recordar a nossa juventude, mas tudo parece desligado. Tu podias escrever acerca de nós, vasco, sempre tiveste jeito para essas coisas.» Deitado numa cama de hospital para morrer, Michael vai perdendo a clareza das memórias de rapaz, quando o seu mundo era apenas um grupo de amigos surfistas e a enorme paixão pelo mar que os mantinha unidos.Vasco assiste ao crescente sofrimento do amigo, ao afastamento da mulher que ama, ao despontar de uma paixão, à morte dos que mais estima, e aperta as rédeas do tempo para cumprir a sua promessa: escrever a história da sua juventude."
Tenho andado a roubar muitas horas do meu sono para ler, enquanto o corpo não reclamar , vou continuando a ler, a ler e a ler. Por mero acaso, foi-me dado a conhecer o romance "marés de inverno" através do blogue Marés de inverno.
Quando iniciei a leitura deste livro, ontem à tarde, nada me fazia prever que o ia devorar avidamente e com tanto entusiasmo.
Fiquei agradavelmente surpreendida, sou sincera! Por um lado, não sendo fã de surf, não pensei que através da leitura deste romance pudesse aprender tanta coisa sobre este desporto; por outro lado sendo uma estreia deste autor, Luís Miguel Raposo, não sabia muito bem o que me esperava...
Pois bem, agradeço ao blogue Marés de inverno pela divulgação do romance. Amei, adorei desde a primeira linha até à última letra. A escrita deste autor é envolvente, rica e pormenorizada; o leitor é sugado para o interior do romance através da explosão de sentimentos e acontecimentos trágicos, que podem e acontecem a qualquer um de nós, nos nossos dias. Luís Miguel Raposo usa e abusa de uma linguagem acessível mas ao mesmo tempo cheia de vocabulário requintado. Achei curioso a marca línguística que deixa no romance: não utilisa maiúsculas excepto em algumas situações bem precisas. As descrições são fabulosas e intensas, em vários momentos cruciais do romance, somos transportados através de sentimentos de amor e de dor como se fosse o nosso "eu" a sentir...
Muito poderia ainda dizer sobre este livro que me fascinou, mas vou deixar-vos descobrir o resto.
Parabéns a este autor que como indica a capa é sem dúvida o "autor-revelação de língua portuguesa" e acredito que ainda vai dar muito que falar.
Nota: 9/10

domingo, 10 de maio de 2009

A Escriba

Sinopse: "Alemanha, ano 799. Carlos Magno, em vésperas de ser coroado imperador do Ocidente, encarrega Gorgias, um ilustre escriba bizantino, da tradução de um documento de vital importância para o futuro da Cristandade. O trabalho deverá ser executado no mais absoluto segredo. Entretanto, Theresa, filha de Gorgias e aprendiz de escriba, é falsamente acusada de um crime e procura refúgio na cidade alemã de Fulda, perdendo o contacto com o pai. Aí, conhecerá Alcuino de York, um frade britânico que investiga uma terrível epidemia que assola a população. Quando Theresa é informada do desaparecimento misterioso de Gorgias, ela e Alcuino embarcam numa aventura inquietante para o encontrar e infiltram-se numa teia conspirativa de ambição, poder e morte, em que nada nem ninguém é o que parece e da qual depende o futuro do mundo ocidental.Combinando o rigor histórico com uma prosa de ritmo trepidante, este romance de Antonio Garrido conduz o leitor por cidades, claustros e abadias medievais, num thriller apaixonante inspirado em factos reais."
Ler este romance histórico foi um autêntico prazer.
Confesso que não ia com grandes expectativas; ultimamente nem tudo o que se tem escrito neste género literário tem sido de referência.
Todavia a leitura deste romance foi deliciosa, um thiller deveras apaixonante. As personagens são autênticas, sinceras, com defeitos e qualidades. Facilmente entramos na história com paixão. O enredo é fascinante, surpreendente e de difícil previsão... Adorei as descrições sobre os pergaminhos e sobre a árdua tarefa de ser escriba!
Um enigma que temos que decifrar até ao final do romance...
"Um romance histórico deve ser, antes de ser história, um romance. A documentação não é senão a ornamentação, o verniz que dá brilho às personagens, o invólucro que as legitima e as torna verosímeis."
António Garrido - p.552
Nota: 8/10


sábado, 9 de maio de 2009

A criança e a vida

Emprestaram-me este livro (que vou ter de adquirir para a minha biblioteca), resultado de um projecto realizado numa escola nos anos 60 em Portugal, esta obra já foi editada 43 vezes.
Maria Rosa Colaço foi inovadora, corajosa e conseguiu cativar o coração de crianças e jovens classificados pelo director da escola como "escória". Esta colectânia é o resultado fantástico de uma professora que empenhadamente conquistou o coração dos seus alunos através do amor e da amizade.
Fiquei ricamente comovida com os trabalhos destas crianças que falam sinceramente o que sentem, sem complexos, sem medos... mas que são sofridos no coração e na alma.
"Os meus passos são de flores.
Eu, uma vez, pisei o sol,
mas não o magoei porque
os meus pés são pequeninos."
____,,____
"A morte é o sossego das flores
Eu acho que ela é um homem amarelo.
Eu, se visse a morte ao pé de mim, atirava-me
duma janela abaixo: antes queria morrer sozinho."
Victor Pinho (8 anos)

Todos os textos estão exactamente como foram escritos originalmente pelas crianças de modo a serem completamente autênticos.
Recomendo muito a leitura deste livro: as crianças falam com o coração aberto... A leitura de alguns textos (prosa ou poesia) acaba mesmo por ser, em determinados momentos, dolorosa.
Nota: 10/10

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Os Dez Direitos do Leitor

Os "10 Direitos do Leitor", de Daniel Pennac no seu excelente livro Como um Romance aqui ilustrados, com grande sentido de humor, por Quentin Blake.

Estes são só dez... Não que se tenham esgotado os direitos de quem lê, mas para ficar uma continha redonda de associações bíblicas.


Direitos Inalienáveis do Leitor:

O direito de não ler.
O direito de saltar páginas.
O direito de não acabar um livro.
O direito de reler.
O direito de ler não importa o quê.
O direito de amar os “heroís” dos romances.
O direito de ler não importa onde.
O direito de saltar de livro em livro.
O direito de ler em voz alta.
O direito de não falar do que se leu
.
Daniel Pennac, Como um Romance, Ed. ASA, 1992, p. 155

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Rude (A)gosto no olhar

Ando a dedicar-me à poesia... Tenho tido boas recomendações e por isso vou lendo devagar cada livro que me indicam, abraçando cada poema e digerindo suavemente as suas mensagens.
Este pequeno livro (fabuloso) foi-me oferecido por um amigo escritor e contém poemas deveras bonitos cheios de sentimentos e mensagens.
Deixo-vos apreciar, esperando despertar também em vocês o prazer de ler Poesia.
Cumplicidade
Entreter o tempo
é a minha distracção
enquanto espero por ti,
em qualquer espaço,
esperanço numa troca
de olhos cheios
de cumplicidade.
O teu corpo baloiçante,
a tua pele
provocaram-me
e sinto que, lentamente,
nos queremos.
___,,___
Minha terra
Minha terra
que encerras
tantas fontes!
Oh, Serra de Bornes,
qual Marão meditador,
quando te vejo
és meu canto embalador.
Rumo em direcção
ao nosso mundo.
Vejo a gente a labutar,
arados, enxadas, jeiras,
romarias, enrugados montes...

Oh, Trás-os-Montes,
terra rude e franca
que me encantas
e embebedas
e enrijeces com nevadas
minhas fontes!...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Parabéns Isilda


Hoje é um dia muito especial para a Floresta das Leituras, a nossa querida colaboradora e Amiga incansável Isilda Afonso faz hoje anos...
Muitos Parabéns cheios de carinho, de amizade e de leituras.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Recados da Mãe - Conselhos do Céu

“Recados da mãe” relata-nos a vivência de duas irmãs que tiveram a desdita de ter perdido a mãe, quando tinham apenas dez e seis anos de idade.
Clara, a irmã mais velha, e Leonor, a mais nova, passaram a ter uma vida completamente diferente da vivida até ali.
Permaneceram algum tempo em casa do pai, pessoa com quem já não viviam à morte da mãe, mas pouco tempo depois, decidiu que as suas filhas passariam a residir nos arredores de Coimbra, com a avó materna, numa autêntica quinta de senhores abastados.
Durante a estada na quinta, Clara e Leonor iam à Igreja com a avó que lhes dava lições de catequese e as ensinava a rezar. Clara, embora rebelde e muito revoltada com a vida, mostrava-se muito interessada e sempre atenta às explicações da avó, sobre a vida dos santos.
Aproximava-se o início do novo ano lectivo. A avó decidiu que as suas netas deveriam frequentar um colégio como alunas internas, na cidade de Coimbra.
O silêncio que reinava naquele lugar perturbava Leonor, sentindo-se por vezes oprimida. O mesmo não acontecia com Clara que, quase desde os primeiros momentos a capela passou a ser o centro das suas atenções e o seu refúgio.

Nas conversas de ambas, era sempre lembrada a mãe. Era a Clara que “mentia” à irmã, dizendo-lhe que nos seus sonhos a mãe dava conselhos e indicava sempre o melhor caminho a seguir, para que a Leonor aceitasse muitas situações mais desagradáveis que iam surgindo no dia-a-dia. E tudo se resolvia… Aos vinte e um anos, depois de completar os estudos, numa tarde de Agosto, Clara comunicou à avó e à irmã que queria ser missionária, que brevemente viajaria para África e esperava aplicar os conhecimentos que tinha adquirido, junto de crianças órfãs, em Moçambique ou noutro país qualquer onde pudesse ser útil.
A avó nem queria acreditar! Mas foi exactamente o que aconteceu.
Leonor vive na quinta que era da avó Matilde, tendo remodelado parte da casa, e pintado o exterior de cor-de-rosa, para concretizar os sonhos de infância das duas irmãs.
Clara, após a ida para Moçambique, veio a Portugal apenas uma vez, para ser madrinha da primeira filha adoptiva da sua irmã. Regressou novamente passados vinte anos, para o casamento da afilhada.

Esta história dá-nos a conhecer o drama das crianças que ficam órfãs. No entanto, estas irmãs sempre se apoiaram e tudo venceram. O verdadeiro amor maternal foi, quem sabe, verdadeiramente transmitido pela sua mãe. E a comprová-lo, mais uma vez, está o facto de cada uma seguir rumos diferentes na sua missão de mãe: uma adoptou uma criança e a outra (freira) ajuda, educa e forma crianças abandonadas, vítimas da guerra e…. aquelas que perderam a sua mãe.

É uma história de AMOR, mas não de um amor vão. O amor de mãe nunca é esquecido, por muitas agruras e “tempestades” que nos atinjam. Leiam com os vossos filhos ou com os vossos alunos.

A propósito: recomendo-vos a leitura dos volumes I, II e III da obra "Histórias do Céu" desta escritora. São histórias e lendas que nos ensinam, nos valorizam o nosso saber e podem ser abordadas na escola, em casa, na catequese, em grupos de jovens... São histórias com sumo.

Isilda Lourenço Afonso

Sangue de Dragão

Sinopse: "Nas veias de Aelanna corre o sangue de dragão, herança do pai há muito desaparecido, e que a faz sentir-se diferente de todos os outros Elfos. Empreende então uma longa viagem em busca de uma solução para o seu problema. Durante a viagem, Aelanna será obrigada a rever tudo o que sempre lhe foi ensinado sobre o mundo. Mas há uma ameaça que se vislumbra e contra a qual toda a resistencia parece inútil."
Quando comprei este livro, fiquei logo com imensa vontade de o ler. Adepta convicta de romances de high fantasy, não consegui resistir-lhe durante muito tempo. A verdade é que o li em pouco mais de 24 horas (benditos fins-de-semana prolongados)...
O que eu achei?
Está muito bem escrito, acompanha-se muito bem o enredo. Diferente e inovador, gostei das personagens (todas muito bem descritas e extravagantes) que se vão juntando a "peregrinação"; no entanto, sou sincera acho que lhe falta um pequeno ingrediente bastante relevante neste género de romances... um pouco mais de paixão.
Acredito que a autora vai evoluir nesse sentido e que o próximo romance será certamente ainda melhor do que este.
Acho que é de valorizar esta autora por se lançar num género literário "pouco tradicional" na literatura portuguesa.
Nota: 7/10

domingo, 3 de maio de 2009

Mãe

Finalmente lemos o livro que tínhamos guardado para o dia da mãe.
Como devem adivinhar foi um momento especial de leitura, de partilha, de risota, de mimos e carinhos.
Uma história muito ternurenta entre uma mamã ursa e o seu filhote... Recomendo a sua leitura, mas principalmente recomendo a todas as mães a dedicarem 5 minutos com os seus filhos todos os dias para breves momentos de leitura. Serão certamente momentos de grande ternura.

E como é dia da Mãe, não faltaram os beijinhos, os mimos, os abraços, os desenhos e os presentes da praxe... Adivinham o que foi?
Nem mais.
Dois livros para acrescentar à minha longa lista de leituras.
Obrigado Princesas :O)

sábado, 2 de maio de 2009

Obrigado ao blogue Estante de Livros

Agradecemos ao blogue Estante de Livros a divulgação da nossa Floresta de livros através do questionário seguinte. Muito Obrigado Canochinha, Cristina e Memphis!
:O)

Questionário (XVII)
Sábado, 2 de Maio de 2009 por Canochinha

1 - Como surgiu a ideia de criares um blog sobre livros?
A Floresta das Leituras é um projecto (muito recente) que envolve 5 membros, todos ligados ao ensino da Literatura e da Língua Portuguesa. Todas nós temos paixão e amor pela leitura, por livros, por letras, e afins...A ideia surgiu para darmos a conhecer as nossas leituras, sejam elas lúdicas ou mais teóricas. Como todos os membros estão ligados ao ensino, pareceu-nos ser um bom veículo de transmissão de conhecimentos literários e não só, para os nossos alunos e para a comunidade educativa que nos rodeia.Engraçado é verificarmos que temos gostos bastante diferentes umas das outras, o que com certeza, virá a enriquecer o nosso espaço.

2 - És uma leitora rápida?

Quantos livros lês, em média, por mês? Se sou uma leitora rápida? Considero que sim. Não consigo ter a noção da quantidade de livros que leio por mês, na medida em que alguns são para pesquisas, trabalhos e bastante teóricos. No que diz respeito a livros mais lúdicos... talvez uns três ou quatro por mês, isto se as minhas outras leituras me dão oportunidade para isso. Gosto também de ler com as minhas filhas, não só para lhes incutir o mesmo gosto pela leitura como também para conhecer o que se escreve para os mais pequenos e mais jovens.

3 - Qual é o teu livro preferido de sempre e porquê?

Difícil... gosto de tantos. No entanto, adoro todos os livros da Juliet Marillier e de Sandra Carvalho, sou fã incondicional de Eça de Queiroz, devoro todos os romances históricos... Referir só um é complicado mas talvez A Casa da Floresta de Marion Zimmer Bradley, mas parece injusto referir este e deixar outros na retaguarda.

4 - O que te leva a identificares-te com uma personagem/história?
Para me identificar com uma história ou com uma personagem, apenas é necessário a imaginação, no entanto sou exigente com a escrita, com o modo como são caracterizadas as personagens e os espaços... Depois é só entrar no livro e viajar.

5 - Género literário preferido e que livro recomendarias dentro do mesmo?
Sem dúvida High Fantasy e os romances históricos. Recomendo ... A Saga das Pedras Mágicas ou então A Conspiração do Graal.

6 - O que achas das adaptações cinematográficas de livros?
Na grande maioria dos casos não fazem justiça ao livro... Prefiro ler o livro depois de ver as adaptações no cinema, caso contrário fico bastante desiludida com o vejo a seguir à leitura do livro.
7 - Qual é a tua opinião sobre os e-books?
Mandaram-me há pouco tempo o livro Equador, não consigo pegar-lhe... Gosto de sentir os meus livros na mão, de os cheirar e de olhar para eles nas prateleiras. Paciência para as novas tecnologias, mas neste ponto não dispenso o bom papel e o virar das páginas. Existem também já disponíveis alguns livros em CD para ouvir nas longas viagens de carro, aproveita-se assim esse tempo para ouvir os livros... Definitivamente, não é para mim!!!!

8 - Tens alguma ideia sobre o que deveria ser feito para aumentar os índices de leitura em Portugal?

Como educadora/professora deparo-me com esse problema todos os dias, como já referi anteriormente, o nosso blogue é mais uma das estratégias para a motivação para a leitura.Para aumentar os índices de leitura em Portugal, é necessário uma consciencialização por parte dos professores, pais, amigos e familiares para incentivar e ler com os mais pequenos e jovens. Na minha opinião o gosto da leitura nasce e cresce quando vemos os outros a ler: quando lêem connosco e debatem os temas dos livros em conjunto.

9 - A leitura é uma paixão que nasce connosco ou está mais dependente de factores externos (muitos livros em casa desde a infância, etc.)?

Penso que a resposta já foi dada na pergunta anterior, no entanto acredito que os factores externos, como ter vários livros em casa, ver familiares a lerem, é muito importante, aliada à dita pré-disposição para a leitura.

O Velho que lia romances de amor

Sinopse: "Antonio José Bolívar Proaño vive em El Idilio, um lugar remoto na região amazónica dos índios shuar, com quem aprendeu a conhecer a selva e as suas leis, a respeitar os animais que a povoam, mas também a caçar e descobrir os trilhos mais indecifráveis. Um certo dia resolve começar a ler, com paixão, os romances de amor que, duas vezes por ano, lhe leva o dentista Rubicundo Loachamín, para ocupar as solitárias noites equatoriais da sua velhice anunciada. Com eles, procura alhear-se da fanfarronice estúpida desses gringos e garimpeiros que julgam dominar a selva porque chegam armados até aos dentes, mas que não sabem enfrentar uma fera a quem mataram as crias. Descrito numa linguagem cristalina e enxuta, as aventuras e emoções do velho Bolívar Proaño há muito conquistaram o coração de milhões de leitores em todo o mundo, transformando o romance de Luis Sepúlveda num "clássico" da literatura latino-americana."

Comecei a ler este romance ontem à noite e acabei-o... durante a noite, a verdade é que se lê muito facilmente. A história que Luis Sepúlveda nos relata, prende-nos do início ao fim.
Logo na terceira página, fiquei fascinada e pensei para mim "vou de certeza gostar deste livro" e querem saber porquê...
"Na minha mochila, na aldeia shuar, tinha As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, de Pablo Neruda, e La Linares, do escritor equatoriano Ivàn Egüez, mas não olhara para eles durante todo este tempo, ocupado como estava em aprender a ler a selva." p.9

Primeiro porque fala de Pablo Neruda e deste livro fantástico de poemas, do qual já fiz um post e que continua na minha mesa de cabeceira... ainda ando a digerir cada poema, cada verso, cada palavra. Depois porque adorei a expressão "aprender a ler a selva".

Uma história diferente de um velho que lia romances de amor; género literário que "verdadeiramente desejava" como diz na página 64 após ter experimentado outros géneros...

A nossa querida amiga Lídia dizia há dias, numa formação sobre o prazer da leitura, que temos de deixar as nossas crianças ler tudo, experimentar vários tipos de textos até elas descobrirem realmente aquele que mais lhes convém.

Pois bem Lídia, aqui tem mais um exemplo dessa verdade: aconteceu o mesmo com António José... Leu, leu e leu tudo o que podia ler no meio da selva, até escolher os romances de amor, mas nem todos... mas isso não vou contar... Vão ter de ler o romance e descobrir qual os ingredientes secretos dos romances de amor que ele realmente ansiava por ler.

Nota: 8/10
:O)