
Clara, a irmã mais velha, e Leonor, a mais nova, passaram a ter uma vida completamente diferente da vivida até ali.
Permaneceram algum tempo em casa do pai, pessoa com quem já não viviam à morte da mãe, mas pouco tempo depois, decidiu que as suas filhas passariam a residir nos arredores de Coimbra, com a avó materna, numa autêntica quinta de senhores abastados.
Durante a estada na quinta, Clara e Leonor iam à Igreja com a avó que lhes dava lições de catequese e as ensinava a rezar. Clara, embora rebelde e muito revoltada com a vida, mostrava-se muito interessada e sempre atenta às explicações da avó, sobre a vida dos santos.
Aproximava-se o início do novo ano lectivo. A avó decidiu que as suas netas deveriam frequentar um colégio como alunas internas, na cidade de Coimbra.
O silêncio que reinava naquele lugar perturbava Leonor, sentindo-se por vezes oprimida. O mesmo não acontecia com Clara que, quase desde os primeiros momentos a capela passou a ser o centro das suas atenções e o seu refúgio.
Nas conversas de ambas, era sempre lembrada a mãe. Era a Clara que “mentia” à irmã, dizendo-lhe que nos seus sonhos a mãe dava conselhos e indicava sempre o melhor caminho a seguir, para que a Leonor aceitasse muitas situações mais desagradáveis que iam surgindo no dia-a-dia. E tudo se resolvia… Aos vinte e um anos, depois de completar os estudos, numa tarde de Agosto, Clara comunicou à avó e à irmã que queria ser missionária, que brevemente viajaria para África e esperava aplicar os conhecimentos que tinha adquirido, junto de crianças órfãs,

A avó nem queria acreditar! Mas foi exactamente o que aconteceu.
Leonor vive na quinta que era da avó Matilde, tendo remodelado parte da casa, e pintado o exterior de cor-de-rosa, para concretizar os sonhos de infância das duas irmãs.
Clara, após a ida para Moçambique, veio a Portugal apenas uma vez, para ser madrinha da primeira filha adoptiva da sua irmã. Regressou novamente passados vinte anos, para o casamento da afilhada.
Esta história dá-nos a conhecer o drama das crianças que ficam órfãs. No entanto, estas irmãs sempre se apoiaram e tudo venceram. O verdadeiro amor maternal foi, quem sabe, verdadeiramente transmitido pela sua mãe. E a comprová-lo, mais uma vez, está o facto de cada uma seguir rumos diferentes na sua missão de mãe: uma adoptou uma criança e a outra (freira) ajuda, educa e forma crianças abandonadas, vítimas da guerra e…. aquelas que perderam a sua mãe.
É uma história de AMOR, mas não de um amor vão. O amor de mãe nunca é esquecido, por muitas agruras e “tempestades” que nos atinjam. Leiam com os vossos filhos ou com os vossos alunos.
A propósito: recomendo-vos a leitura dos volumes I, II e III da obra "Histórias do Céu" desta escritora. São histórias e lendas que nos ensinam, nos valorizam o nosso saber e podem ser abordadas na escola, em casa, na catequese, em grupos de jovens... São histórias com sumo.
Isilda Lourenço Afonso
2 comentários:
Isilda, este é mais um dos livros que vou ler. Obrigado por nos dar a conhecer mais uma obra que me parece, pelo seu comentário, ser uma obra prima.
Obrigada, Isilda, por, mais uma vez, nos dares a conhecer livros que espelham exemplos de vidas e, subtilmente, nos dão lições de vida, a par de uma escrita de qualidade. É, com certeza, uma óptima sugestão de leitura que vou aproveitar. Também fiquei curiosa com as "Histórias do céu"!
Um abraço.
Lídia Valadares
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