"Como todos sabem, a educação é, sobretudo, uma sementeira." (Agustina Bessa-Luís)
Folheando o jornal Douro Hoje, de 29/01/2009, fui directa à página onde se pode ler algo que todas as semanas é transmitido com todo o saber académico, ponderação e, acima de tudo, sabedoria e conhecimento no terreno de tudo o que se relaciona com escola, alunos, educação - o artigo do Senhor Professor José Esteves Rei, da UTAD (p. 19).
Desta vez, dá-nos a conhecer algo de pertinente sobre educação. A propósito da intervenção da escritora transmontana Agustina Bessa-Luís, dedicada à educação e à função do texto e da escrita no sucesso educativo, coloca a tónica nos textos; claro que todo o tipo de textos, mas para Agustina, o texto literário é, sem dúvida, a pedra basilar para o conhecimento de um povo e da sua identidade.
Concordo plenamente com ela. Todos os outros textos são essenciais e todos nós devemos preocupar-nos com a literacia funcional que os alunos devem possuir (também se pode designar de multiliteracia) para sobreviverem no mudo competitivo em que vivemos. Contudo, nunca poderemos esquecer a literatura, que tem andado arredada da escola. Por isso, e para quem já leu a proposta dos novos programas de Português para o Ensino Básico, deu conta que o texto literário vai regressar em força, desde os primeiros anos, com as devidas adaptações, segundo as faixas etárias. Nem queria acreditar! O Professor Carlos Reis tem ali o seu dedo de homem de literatura e teço-lhe rasgado elogio e coragem na elaboração deste documento agora em estudo. Felizmente alguém nos ouviu!
Ao ler este artigo de Esteves Rei, que aborda a temática da importância dos textos no ensino, apoiando-se em Agustina, fiz uma ponte com o que agora se deseja para o Português e textos a inserir nas aulas. E mais uma vez não posso deixar de afirmar que não se pode ler (ou fazer) nas aulas apenas aquilo que os alunos gostam. Assim, não há progresso, não há cultura. Diz Esteves Rei, citando Agustina, que para que a educação seja uma sementeira tem de "se incutir o gosto que muitas vezes não vai a par do gosto pessoal de cada um". Mas há que adequar o gosto e os desejos de cada um ao "estilo de uma educação" e ao "estilo de uma cultura". Diversificar é preciso; usar e abusar de uma diversidade de textos, mas para se poder diversificar a oferta de valores e atitudes, não podemos, jamais, descurar a nossa boa LITERATURA.
Eu disse boa literatura! Há que saber seleccionar, adequando-a à escolha e ao background de cada aluno/educando. Daí que o Professor Catedrático, José Esteves Rei, conclui o seu artigo dizendo:"...urge alargar formas, modelos, textos e métodos de educação" para que a unidade se faça a partir da diversidade e se construa a nossa verdadeira identidade. Jorge Luís Borges dizia, e não posso deixar de o citar, a propósito dos valores, que tão esquecidos andam, que "o maior luxo de uma sociedade são as relações humanas". Professores, pais e alunos, vamos à descoberta da verdadeira literatura, do verdadeiro texto! Vamos à procura da boa literatura, da boa escrita! Pouco mais necessitaremos...
3 comentários:
Como sempre Isilda fico sem palavras perante o que escreve, e sou sincera também li o jornal... Gostei muito mais da forma como expõe aqui esta problemática. Adorei "diversificar é preciso", pois é, deixar que os professores possam diversificar consoante os alunos que têm pela frente; a estratégia que funciona com a turma A pode não funcionar com a turma B... E depois existem aqueles colegas que se agarram ao que está feito, sem mudanças, sempre a mesma coisa, dias a fio, usando o mesmo método... Não há aluno que aguente!
Valorizo os professores inovadores que perante determinada turma apelam a leituras aliciantes, por vezes indo mais além do que inicialmente estava previsto.
É sempre alegria pra meus olhos e coração visitar este maravilhoso blog.Parabéns!
Deus abençoe você.
Beijos no coração!
celyLua.
Diversificar é ainda um sinal do entusiasmo e da motivação de um professor que, mesmo tendo três turmas do mesmo nível de aprendizagem, além de outras mais, encontra materiais e estratégias diversas, escolhidas a pensar naqueles alunos e não no todo. A criatividade é um bálsamo e não pode esmorecer.
Também concordo que devemos dar aos alunos o que eles não têm, sem nos limitarmos às suas escolhas naturais, num processo enriquecedor, "semeando" - para usar a imagem de Agustina - a pensar neles, partindo do seu património cultural e acrescentando-lhe mais e mais, levando-os a descobrir a Literatura. É possível... se é. :) O desafio maior talvez seja a própria Poesia.
:)
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