domingo, 8 de fevereiro de 2009

E depois de tudo, só resta o AMOR...

A propósito do dia de S. Valentim, data que todos os alunos apreciam e fazem questão de participar, resolvi dar-vos a conhecer as belas palavras de um cantor francês que descobri quando lia algo relacionado com a cultura francesa e aspectos civilizacionais de França. Nada mais apropriado para nos deliciarmos com a finesse e o bom gosto dos franceses. Espero que gostem tanto como eu gostei. É um sucesso em França e recebeu mesmo um prémio que se costuma atribuir às boas músicas actuais.

Se não gostarem, não leiam mais que uma vez. Se gostarem, reflictam e releiam, pois merece a pena. Nos dias que correm esta palavra Amor está muito deturpada, mas este jovem regenera-a. Aqui está.

Il y a je t'aime et je t'aime

Certains disent tout leur amour
Leur envie que ça dure toujours
C'est un crime comme on embrasse
Un défi au temps qui passe.
D'autres sont jetés au vent
N'importe comment
Ils ne comblent que le silence
Et retombent dans tous les sens.
Il y a je t'aime et je t'aime
Je t'aime trop, je t'aime bien
Il y a je t'aime et je t'aime
Je ne t'aime plus que je t'aime loin.
Certains parlent du lendemain
Ils font mal ou font du bien
On les chante ou les murmure
S'ils nous mentent ils nous rassurent.
D'autres n'osent pas dire qu'ils cachent
Tant de choses qui se détachent
Ils demandent et toi tu aimes
Ils attendent qu'on les retiennent
Je t'aime 6x
Je t'aime et je t'aime
Il y a ceux qui brûlent et blessent
Et puis ceux qui hurlent et cessent.
Il y a ceux qu'on n'oublie pas
Surtout ceux que tu dis toi.
Je ne t'aime plus
Je t'aime loin
Je t'aime
Je t'aime trop
Je t'aime bien
(Je t'aime trop
Je t'aime bien).
Il y a je t'aime et je t'aime
(Et je t'aime 6x
Je ne t'aime plus
Je t'aime loin).

Quentin Mosimann
É um verdadeiro hino ao Amor e àqueles que sabem o verdadeiro significado do verbo amar. Daí que, não quero deixar de vos dar a conhecer, ainda relacionado com o Amor, uma obra acabada de sair, publicada pela Bertrand, "Cartas de Amor de Grandes Homens", onde estão incluídas algumas cartas dos nossos expoentes máximos da literatura, como é o caso de Eça de Queirós, Fernando Pessoa, etc. Aquela que me seduziu foi mesmo a do nosso eterno Eça, actualíssimo e verdadeiro. Reparem na forma como é escrita, a beleza do discurso, a cortesia das palavras para com a sua amada. Além disso, o conhecimento que este escritor tinha do mundo das línguas e a capacidade de jogar e brincar com os idiomas, não alterando o sentido do discurso e transmitindo a beleza, o frisson que devem provocar as cartas de amor. Desfrutem desta preciosidade da literatura epistolar e como se escreve uma carta (coisa que hoje está a cair em desuso)!

"Minha Adorada Noiva,
Ontem, depois de lhe escrever, tornei a ler a sua carta - e não fiquei pouco surpreendido ao verificar que ela não continha a single little loving word. Reli-a novamente. Sacudi o papel pensando que the little word teria ficado emaranhada nas linhas entrecruzadas; rebusquei sobre a mesa, que ela não se tivesse extraviado entre os papéis; procurei pelo tapete; olhei o tecto que, ao abrir o envelope, ela não tivesse voado e pousado no estuque; esquadrinhei os cantos do sofá; voltei para fora o bolso do peito, não a tivesse eu distraidamente guardado no coração - Hélas! The poor little loving word was not to be found! (...).

Estou esperando outra carta sua, possa ela chegar e trazer-me the little loving word.

My little word é sempre a mesma - que a amo e que, quanto mais penso neste amor, nais sinto a sério e grande. Il mérite un peu de retour. Não que isso seja necessário para que ele viva, e mesmo para que cresça - mas enfim, como recompensa de ser verdadeiro, num mundo e num tempo em que quase tudo é postiço. São sempre difíceis de acabar as minhas cartas - porque não ouso escrever os finais como os sinto.

J'ai peur de vous effaroucher. E depois a sua proud reserve assusta-me um pouco. E assim só digo que te adoro, meu querido amor."
Eça de Queirós (1845-1900) para Emília de Castro (sua noiva e futura mulher)

Isto é um must, simplesmente delicioso! Hoje já não há cartas de amor? Parece que existe assim uma canção... O que é certo é que sabe bem ler mensagens destas. A literatura conjuga-se muito bem com os sentimentos e tudo o que há de puro e irónico num povo.

Tinha de partilhar tudo isto convosco. Mas há mais. Leiam o livro!

3 comentários:

CICL disse...

Também quero uma carta de amor igual a esta!!!!
É verdade que já li imensa coisa sobre Eça, e imensas cartas, mas não me lembrava desta... é fabulosa!
Prenúncio da semana da S. Valentim que está a começar...
É de tirar o chapéu Isilda..., mexeu comigo! ^-^

Livros e Outras Coisas disse...

Dois dos meus poemas de amor preferidos:

How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with a passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints, --- I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life! --- and, if God choose,
I shall but love thee better after death.

"How do I love thee? Let me count the ways"
por Elizabeth Barrett Browning

... ... ...

If ever two were one, then surely we.
If ever man were lov'd by wife, then thee.
If ever wife was happy in a man,
Compare with me, ye women, if you can.
I prize thy love more than whole Mines of gold
Or all the riches that the East doth hold.
My love is such that Rivers cannot quench,
Nor ought but love from thee give recompetence.
Thy love is such I can no way repay.
The heavens reward thee manifold, I pray.
Then while we live, in love let's so persever
That when we live no more, we may live ever.

"To my dear and loving husband" de Anne Bradstreet (c.1612-1672)

Susana Costa disse...

Professora Isilda,
Por acaso vi o livro na Bertrand no Sábado mas coloquei-o novamente na bancada.
Mas com este pequeno "cheirinho" do livro, acabou-me por convencer!
Amanhã vou lá comprá-lo.
Apesar de ser ainda uma jovem, também sou do tempo de escrever cartas de amor, em papel... bons velhos tempos!