domingo, 8 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher

Subitamente, lembrei-me que, no dia 8 de Março, se comemora o Dia Internacional da Mulher e assaltou-me a curiosidade de saber um pouco mais sobre a institucionalização deste dia, o seu historial… e, como navegar na Net é vogar de onda em onda, quando dei por mim, tinha encalhado num pensamento de William Shakespeare que dizia o seguinte: “Fragilidade, o teu nome é mulher!” Fiquei, por momentos, atracada nesta frase… “Fragilidade, o teu nome é mulher!”?! E mais atónita fiquei quando pensei no seu autor. Seria o mesmo Shakespeare de Romeu e Julieta, de Hamlet, o célebre dramaturgo e poeta inglês? É certo que remonta aos finais do século XVI, início do século XVII!... Em todo o caso, fiquei a remoer o pensamento.

“Fragilidade, o teu nome é mulher!”
Porquê?

Será porque a mulher
Aguenta tormentas, furacões,
Suporta a mais dura tempestade
Passa por indizíveis provações
Com uma singular dignidade
Sem vacilar sequer?!

Será porque…
É ela que povoa o mundo
E depois de dar à luz
Num feminino sofrimento
Logo que vê seu rebento
Sorri e, no mesmo segundo,
O seu doce olhar reluz
Iluminando o firmamento?

Será porque…
Tem a rara qualidade
De, no palco desta vida,
Ser diversas personagens
E vestir várias roupagens
Segundo a cena exigida
Da implacável sociedade?

Agora mãe, depois mulher,
E no meio a profissão
Tudo exige, tudo requer
Dela, a melhor condição
E, quando despe as personagens
E pode ser ela, afinal?
Mais logo, noutras miragens!...
Será porque…
Aguenta estoicamente
Com incrível resistência
Combater em várias frentes
Com louvável diligência
(quantas vezes discretamente)
Procurando entrementes
Não perder a elegância
Nem a suave fragrância
Do seu perfume de mulher?

Estamos perante um dilema:
A mulher é frágil ou não?
Afinal, é o mesmo problema
Que assaltou este escritor:
“Ser ou não ser, eis a questão!"
Pois bem, eu deixo a minha resposta em poema.
À vossa consideração!
Curiosamente, na última revista “Sábado” (de 5 a 11 de Março), li um artigo baseado no livro (recentemente lançado) “Mulheres Aventureiras”, de Rosário Sá Coutinho, que fala precisamente de oito mulheres que, entre os séculos XVI e XIX desempenharam um importante papel económico e político em três continentes, consideradas heroínas fora de Portugal. E ironicamente pensei: “Estas não foram apresentadas a Shakespeare, apesar de algumas serem suas contemporâneas…”
Vou referir, a título de exemplo, os papéis relevantes de algumas delas: D. Maria d’Eça, na ausência do marido, capitão de Ceuta, tomou as rédeas do território português perante os avanços dos mouros e envolveu-se em negociações de paz; D. Maria Bárbara Garcês Pinto de Madureira, aristocrata minhota, tendo ido com o marido para o Brasil durante as Invasões Francesas, ficou a gerir sozinha o engenho do açúcar, em plena guerra da independência do país; D. Juliana Dias da Costa foi o braço-direito do Grão-Mogol, anfitriã de embaixadores europeus, médica e depositária da coroa; D. Antónia Rodrigues vestiu-se de rapaz, serviu numa nau, foi soldado, depois, promovida a cavaleiro, combateu contra os mouros e até o rei quis conhecê-la. Só se revelou mulher quando a quiseram casar…

Bem, deixo aqui, para vossa reflexão, alguns exemplos de fragilidades…

Lídia Valadares

9 comentários:

CICL disse...

Neste Dia Internacional da Mulher; este texto é mais do que adequado.

Eu quero deixar aqui o nome de mulheres muito FORTES que são um exemplo para a minha vida: a minha mãe, a minha orientadora Ana N. Piedade, a minha madrinha Ana, as minhas amigas Lena, Rute, Rita, Lúcia, Isilda, Lídia, Gaetane, Christine, Patricia, Kris, Pegadita,... Nossa Senhora da Imaculada Conceição; ...e tantas outras. (Desculpem-me se me esqueci de alguma!o))

Diana Marques disse...

Essa frase de Shakespeare, vem na peça Hamlet, precisamente numa fala do príncipe Hamlet, que diz "Frailty, thy name is woman!" No sentido da peça, é em relação à mãe que é ingénua ao ponto de não perceber que o seu casamento com Claudius, o tio de Hamlet, é considerado incestuoso e que é este que provoca os males da Dinamarca (embora ele depois vá alargar esse conceito a todas as mulheres). Mas de qualquer maneira, nessa época a mulher era considerada um ser mais frágil, mais fraco por ser dominada pelas emoções. E essas mulheres de que fala eram excepções à regra e não eram bem vistas na sociedade da época. Felizmente as coisas mudaram, felizmente havia essas excepções à regra e é graças a elas que hoje podemos comemorar este dia!

Vento Escondido disse...

Ah dia da mulher .... bom dia para se ficar por casa e vá lá que calhou um domingo ou nem na sexta nem sábado podia sair à noite. Já agora não há dia do homem ? (não me digam que são todos os dias ....)

Quanto à frase realmente o contexto deriva da peça .. mas digo.vos sinceramente qualquer homem lhe agrada algo de "fragilidade" numa mulher .. afinal os tempos podem ter mudado mas eu pelo menos sempre relacionei a mulher com um pilar, principalmente dentro de uma família, no entanto .. mesmo o pilar mais vigoroso tem "rachas" humanas .. talvez daí venha o encanto feminino .... um equilíbrio de força com uma fragilidade delicada.

NLivros disse...

Antes de mais, bom dia da mulher para as meninas.

Depois, porque gosto especialmente do vosso blog, atribui-vos uma pequena lembrança.~

D~em um pulinho ao meu blog para o levantar.

;D

isilda disse...

Pois é! Tudo o que dizes é a pura realidade. Nos dias que correm, somos nós o alicerce em tudo o que de mais penoso existe nos nossos caminhos e percursos. Mais, mesmo em caminhos e percursos de todos os que nos rodeiam. Estamos sempre a ser solicitadas para tudo e para "acudir a todos os fogos". E não é por acaso que sempre que uma mulher ocupa um lugar de chefia, tudo é feito com mais rigor, seriedade e competência. Não concordam comigo? Muitas vezes digo que o mundo ainda vai ser das mulheres, mas acrescento: ele já é. Quem é a base de sustentação de uma família? Podem dizer o que quiser, mas é a mulher, esposa ou mãe que harmoniza, que resolve que suporta... Somos a âncora de um navio que constantemente é atingido pelas tempestades do mar!
Agora pusete-me a filosofar, ó Lídia! Ah, ah, ah!
Isilda

cá-cá (Portugal) disse...

Pois... como a Diana tão bem explicou, 'fragilidade' é usada num outro contexto. As mulheres de hoje são tudo menos frageis!! Sensivel, sim!! Frágil NÃO!! Bjs!

Lídia Valadares disse...

Agradeço os vossos comentários, agrada-me esta interactividade!Gostaria, no entanto, de esclarecer alguns pormenores.Quanto ao facto de as mulheres por mim destacadas não serem muito bem vistas na altura (claro que não, desmentiam a tal fragilidade!), julgo ser do conhecimento geral. Que a mulher, naquela altura, era considerada um ser frágil (e Shakespeare não escapava a essa percepção), também me parece evidente. O que eu pretendi, subtilmente, foi pegar num mote (um pensamento de Shakespeare) e fomentar a reflexão. É que suspeito que agora, em pleno século XXI,ainda há quem partilhe desta ideia da tal fragilidade da mulher!...

Lidia Valadares

António Martins disse...

Na vida há 3 grupos de mulheres... as da sensibilidade da Lídia (são as lidianas), as da fibra da Isilda (as afonsinas) e as outras...
Jinhos

António Martins

Lídia Valadares disse...

António:

Bem-vindo ao nosso blogue! Adorei o teu comentário. Observador atento, sempre perspicaz e um exímio criador de palavras extremamente significativas... e fantásticas! Obrigada.
Um abraço.

Lídia Valadares